Por Walkyria Rocha (da Redação)
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (18) que está multando a Escola de Medicina de Harvard em $24.036 por violações no tratamento de macacos explorados em pesquisas. As informações são do Huffington Post.
A multa inclui 11 violações – inclusive morte de quatro macacos – desde fevereiro de 2011 a Julho de 2012. A maioria das violações ocorreu no Centro de Pesquisa de Primatas de Harvard na Nova Inglaterra (NEPRC), localizado a oeste de Boston em Southborough, Massachussets e encerrará as operações daqui há um ou dois anos. A outra instalação para animais está localizada na Área Medica de Longwood, em Boston, e permanecerá aberta, anunciou o Los Angeles Times.
As violações parecem originar-se de “formação incompleta ou supervisão inconsistente”, observou The Boston Globe. Algumas incluem mau funcionamento dos dispositivos de hidratação, o que levou a desidratação grave e morte para dois dos primatas. Outro macaco morreu depois de se enrolar na corrente enquanto se entretinha com um brinquedo.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) frequentemente cita violações das 1300 instalações licenciadas de pesquisas em animais, mas raramente emite multas. Harvard poderia ter enfrentado multas mais severas – acima de $ 10.000 por incidente – mas a escola acha que suas multas foram justas e mantidas a um mínimo por causa do “excelente trabalho dos membros da nossa comunidade que tomaram medidas drásticas para instituir melhorias rigorosas que beneficiaram a segurança e o bem-estar dos animais”, disseram em um comunicado, segundo a Reuters.
Ainda assim, os ativistas queriam um multa maior. “Para uma instituição que recebe $ 185 milhões de dólares anualmente apenas de fundos de impostos, metade deles gastos em experiências com animais, uma multa de $ 24 mil por ano de abuso e negligência com os macacos não motivaria Harvard a melhorar seu procedimento em relação aos animais”, escreveu em um comunicado Justin Goodman, o porta-voz da PETA.
Os primatas remanescentes no Centro de Pesquisa com Primatas de New England serão transferidos para outros centros nacionais de pesquisas ou continuarão a ser usados no NEPRC, de acordo com o Los Angeles Times.
A pesquisa com primatas tem sido há muito tempo objeto de controvérsia. O fato de terem 95 a 98% de similaridade com os humanos, fazem deles “peças valiosas para a pesquisa médica” , de acordo com o Escritório de Pesquisa integral, ainda que o tratamento seja visto como anti-ético e os prive de suas necessidades sociais, já que macacos são animais extremamente sociáveis. De acordo com a PETA, os Estados Unidos é o único país no mundo, além do Gabão, que ainda faz experimentos invasivos em chimpanzés.
De acordo com a Sociedade Humanitária, 112 mil macacos são mantidos em pesquisa nos Estados Unidos, incluindo aqueles que são mantidos presos e usados para reprodução. Macacos são usados frequentemente em pesquisas de doenças humanas, desequilíbrios psicológicos e testes de remédios e vacinas. A pesquisa é frequentemente prejudicial aos macacos e incluem cirurgias, doses letais e muito mais, de acordo com a organização. Macacos são os mais comumente pesquisados, bem como saguis, macacos-esquilo e micos.
Nota da Redação: Apesar da multa ter sido aplicada, fica ainda a dúvida sobre o motivo de não ter se adequado rigidamente à lei. Não é justo para estes macacos explorados em pesquisas, terem que continuar sob a responsabilidade daqueles que os abusam, ou terem que ir para outros lugares onde irão maltratá-los da mesma maneira. A exigência básica, neste caso, além da própria abolição dos testes em animais, é a transferência para santuários, onde eles seriam cuidados e poderiam viver em liberdade (não tanto quanto viveriam, caso não tivessem sido capturados e/ou criados por humanos, mas com uma liberdade infinitamente maior do que qualquer confinamento para fins científicos).