Por Patricia Tai (da Redação)
A Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Pensilvânia está causando a revolta de um grupo de ativistas, por estar usando animais para pesquisas biomédicas. As informações são da NBC Philadelphia.
Michael Budkie, diretor executivo da Stop Animal Exploitation Now (S.A.E.N.), disse que inspeções recentes do Departamento de Agricultura americano (USDA) revelaram que as instalações da Universidade apresentavam várias violações à Lei de Bem-Estar Animal, algumas das quais levaram à morte de alguns animais.
No relatório da mais recente inspeção que foi realizada em Maio deste ano, o USDA encontrou duas situações fora da conformidade. O documento cita que a Universidade tinha deteriorações nas instalações físicas do laboratório, e que falhou em administrar anestesia em um leitão durante um procedimento, erro este que resultou na morte do animal.
“Quando analisamos os casos – se nós vemos que há muita violações significativas como esta, nós seguimos monitorando pois acreditamos que eles devem ser penalizados”, afirmou Budkie.
De acordo com dados do Serviço de Inspeção de Saúde de Animais do USDA, a Universidade tem usado constantemente porcos, leitões, cães e filhotes para procedimentos de pesquisa. Em 2012, a escola usou 2994 porcos e aproximadamente 1000 cães com estes fins.
A Lei de Bem-Estar Animal federal americana exige padrões mínimos de cuidado e tratamento a animais. Budkie disse que não foi a primeira vez que a escola incorreu em violações da Lei.
Segundo relatórios de inspeções do USDA desde 2010, só a Faculdade de Veterinária da Universidade teve um total de doze infrações.
Em 2011, a escola foi citada por seis violações, sendo quatro delas reincidentes nas áreas de limpeza, organização, controle de pragas, água e gerenciamento das instalações em geral. Uma das violações ocorridas neste ano foi referente à falha em prover acomodação apropriada para cães e gatos, resultando na morte de um filhote.
Tanya Espinosa, porta-voz do USDA, disse que a escola recebeu uma notificação oficial em Junho.
“No mês passado eles receberam uma carta de advertência e nós continuaremos monitorando a instalação”, disse Tanya.
Mas segundo Budkie, isso não é suficiente. Está em andamento a solicitação por parte da S.A.E.N. de uma investigação do USDA e uma pesada multa contra a escola por estas infrações.
“Nós acreditamos que quando você vê uma situação como esta, de clara negligência dos funcionários, animais morrendo em decorrência disso e outros notadamente sofrendo como resultado do que aconteceu, a Universidade deve ser seriamente penalizada. É por isso que recorremos ao USDA e pedimos que aplique a maior multa possível, 10 mil dólares por violação”, explicou ele.
Por outro lado, Tanya disse que não há um número definido de violações que possa justificar uma investigação, e multas são aplicadas “caso a caso”. Por enquanto, não está decidido o que será feito com relação à Universidade.
“Ainda não é uma investigação. Este é um passo, contudo, para fazê-los saber que estamos de olho neles”, disse ela.
Em resposta à solicitação da S.A.E.N. para o USDA, a Universidade da Pensilvânia divulgou a seguinte declaração:
“A Universidade está comprometida em manter o mais alto padrão de cuidado humano aos animais usados na pesquisas biomédicas, que visam encontrar tratamento e cura para as mais preocupantes doenças do nosso tempo, tanto em humanos quanto em animais. A Universidade está continuamente trabalhando para melhorar os seus programas de bem-estar animal – as inspeções e relatórios do USDA são parte do processo e estamos considerando isso como orientação”.
Budkie afirmou que parte da missão da S.A.E.N. é buscar o fim do uso de qualquer animal em pesquisas biomédicas, e que a ONG continuará a análise rigorosa das instalações da Universidade.
“Na verdade, eles já receberam uma notificação oficial anteriormente e isso claramente não impediu que eles continuassem a fazer as coisas da mesma forma. Esta é uma situação em que o USDA deveria ter instituído os procedimentos necessários para multar a Universidade. Acho muito grave que o Departamento esteja fazendo nada mais que apenas enviar mais um aviso oficial contra o laboratório, pois como eu disse, obviamente não é suficiente para fazer a diferença”, acrescentou.
Nota da Redação: A questão não é melhorar as condições dos animais utilizados em pesquisas, e sim encontrar outros métodos (ou utilizar os que já existem mas ainda não estão tão disseminados) e deixá-los em paz. A universidade ser acusada de causar a morte dos animais que explora para pesquisas chega a ser irônico, pois é claro que a experimentação causa a morte deles.