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Uma leve simetria

22 de setembro de 2009
3 min. de leitura
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Rafael Bán Jacobsen, doutor em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,  é professor, pianista, poeta e escritor. Sócio do Grêmio Literário Castro Alves, da Casa do Poeta Rio-Grandense, membro do Partenon Literário e da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, ele tem no currículo diversos trabalhos publicados em coletâneas de literatura e, em 2005, o romance Solenar. Seu incontestável talento, capaz de unir – ao mesmo tempo – sensibilidade, inteligência e bom humor, o transformou em uma das principais vozes vegetarianas no Brasil. Defensor das mais belas causas, sua militância em prol dos direitos dos animais traz em si a beleza indestrutível das nossas sonhadas utopias.

Em 2009, Rafael Jacobsen lançou mais um romance: Uma leve simetria. Valendo-se de linguagem poética, permeada pelas cores da delicadeza, ele fala sobre o amor em suas múltiplas dimensões. Fala da relação entre os adolescentes Daniel e Pedro, estabelecendo um sutil paralelo à história da paixão bíblica de Davi e Jonatã. Fala da condição humana. Do amor e da morte. Dos encontros e das despedidas. Eu e tu. Pedaços. Pedaços apenas. Por isso a urgência de viver. Do amar, verbo intransitivo. Amor verdadeiro e incompreendido e fugidio. Que se desfaz, frágil, nas pétalas do tempo e do vento. Por que não abriste teus olhos de estrela?    

A personagem ensimesmada, ao evocar a memória de seus afetos, assim principia sua singular narrativa:

“Lembro do silêncio ancestral da sinagoga naquela manhã, das estrelas de seis pontas que a luz do sol lançava em cores sobre as toalhas de linho branco ao atravessar os vitrais. Lembro minhas mãos inquietas, perdidas entre as páginas do livro de orações. À espera…”.

Para a crítica literária Léa Masina, o novo romance de Rafael Jacobsen revela um escritor seguro de seu ofício e impecável em cada frase, em cada palavra, em cada imagem poética. O amor entre Daniel e Pedro, nascido à sombra da sinagoga em que se desenvolve, realiza-se pela simples contemplação, sublimando por sua intensidade. Vida e morte. Morte e vida. Amar o amor com seu beijo tácito e sua sede infinita… E nessa delicada e sutil simetria, o autor desenha sua estética de plenitude:

“Era noite quando partiste… Era alta a madrugada quando cheguei ao cemitério… Cobri a cabeça com a quipá e, em um lento caminhar, avancei pela vereda sombria que me levariam a ti.  Pela última vez. Não escutava sequer meus pés temerosos sobre os ladrilhos. Nenhuma ave noturna ousava profanar a quietude de gelo. Nem mesmo o vento queria soprar – árvores e galhos estáticos. Silêncio.” 

Outro grande escritor gaúcho, Moacyr Scliar – membro da Academia Brasileira de Letras – não poupou elogios a Uma leve simetria. Vale a pena conferir:

“Revela-se uma grata surpresa. Com grande sensibilidade e não menor talento literário, Rafael Bán Jacobsen narra-nos uma história que, tendo como moldura a vida comunitária judaica com seus costumes e suas tradições, representa, contudo, um verdadeiro mergulho na condição humana – uma obra que, desde já, consagra o seu autor como um importante nome na nova geração de escritores brasileiros.”

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