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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Uma a cada cinco espécies migratórias corre risco de extinção, afirma ONU

Impacto das atividades humanas elimina territórios essenciais para estes animais durante grandes deslocamentos em busca de comida, ou ainda, para épocas de reprodução

13 de fevereiro de 2024
Marco Britto, para o Um Só Planeta
4 min. de leitura
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Foto: Andy Mann/divulgação

Com a degradação de áreas essenciais para animais migratórios, como locais específicos de reprodução, descanso e ainda, a fragmentação de território, uma a cada cinco espécies de animais migratórios do mundo está sob ameaça de extinção, afirma relatório divulgado nesta segunda-feira (12) pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Convention on the Conservation of Migratory Species of Wild Animals (CMS), instituição dedicada à proteção destes animais.

De aves a peixes, muitas espécies diferentes experimentam diminuições drásticas devido à pressão das atividades humanas, como a pesca predatória e o desmatamento. Peixes como tubarões, arraias e esturjões têm registrada uma queda populacional de 90%, segundo monitoramento desde os anos 1970.

“Analisando as ameaças às espécies, o relatório mostra até que ponto o declínio da população de espécies migratórias está sendo causado por atividades humanas. As duas maiores ameaças foram confirmadas como superexploração – que inclui a caça insustentável, a sobrepesca e a captura aleatória de animais, como ocorre [também] na pesca – e a perda, degradação e fragmentação de habitat – de atividades como a agricultura e a expansão das infraestruturas de transportes e energia”, descreve o documento.

Uma prioridade defendida pelos pesquisadores é mapear e proteger locais vitais que servem como santuários de reprodução, alimentação e descanso durante as migrações dos animais.

O relatório mostra que quase 10 mil áreas ricas em biodiversidade do mundo são importantes para espécies migratórias listadas pela CMS, porém mais da metade dessa área mundial não é designada como protegida ou de conservação. E ainda, 58% dos locais monitorados e considerados importantes para espécies pressionadas estão sob ameaça devido a atividades humanas.

“As espécies migratórias dependem de uma variedade de habitats específicos em diferentes momentos do seu ciclo de vida. Elas viajam regularmente, às vezes milhares de quilômetros para chegar a esses lugares. Elas enfrentam enormes desafios e ameaças ao longo do caminho, bem como nos seus destinos onde se reproduzem ou se alimentam. Quando as espécies cruzam fronteiras, a sua sobrevivência depende dos esforços de todos os países em que se encontram.” — Amy Fraenkel, secretária executiva da CMS

Bilhões de animais fazem viagens migratórias todos os anos, seja por terra, nos oceanos e nos céus, cruzando fronteiras nacionais e até mesmo continentes inteiros, com alguns viajando milhares de quilômetros em todo o mundo para se alimentar e procriar.

As espécies migratórias desempenham um papel essencial na manutenção dos ecossistemas mundiais e fornecem benefícios vitais, polinizando plantas, transportando nutrientes essenciais, atacando pragas e ajudando a armazenar carbono, pontuam os pesquisadores.

Veja mais destaques do estudo

  • Embora algumas espécies migratórias listadas no CMS estejam melhorando de quadro, quase metade (44%) sofrem declínios populacionais.
  • Mais de uma em cada cinco (22%) das espécies listadas no CMS estão ameaçadas de extinção. No total, a lista da entidade possui 1.189 animais listados, além de outros 3.000 sob monitoramento.
  • Quase todos (97%) dos peixes listados no CMS estão ameaçados de extinção.
  • O risco de extinção está aumentando para espécies migratórias em todo o mundo, incluindo aquelas não listadas pela CMS.
  • Metade (51%) das Áreas-Chave de Biodiversidade identificadas como importantes pela CMS para os animais migratórios não têm status de proteção e 58% dos locais reconhecidos como importantes para espécies ameaçadas estão enfrentando níveis insustentáveis de pressão causada pelo homem.
  • As duas maiores ameaças às espécies listadas no CMS e a todas as espécies migratórias são superexploração e perda de habitat devido à atividade humana. Três em cada quatro CMS listados espécies são impactadas pela perda, degradação e fragmentação de habitat, e sete em cada dez espécies listadas pela CMS são afetadas pela exploração excessiva .
  • As alterações climáticas, a poluição e as espécies invasoras têm impactos profundos sobre espécies migratórias.
  • A lista da CMS não inclui outras 399 espécies migratórias ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção globalmente.

Fonte: Um Só Planeta

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