Com a degradação de áreas essenciais para animais migratórios, como locais específicos de reprodução, descanso e ainda, a fragmentação de território, uma a cada cinco espécies de animais migratórios do mundo está sob ameaça de extinção, afirma relatório divulgado nesta segunda-feira (12) pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Convention on the Conservation of Migratory Species of Wild Animals (CMS), instituição dedicada à proteção destes animais.
De aves a peixes, muitas espécies diferentes experimentam diminuições drásticas devido à pressão das atividades humanas, como a pesca predatória e o desmatamento. Peixes como tubarões, arraias e esturjões têm registrada uma queda populacional de 90%, segundo monitoramento desde os anos 1970.
“Analisando as ameaças às espécies, o relatório mostra até que ponto o declínio da população de espécies migratórias está sendo causado por atividades humanas. As duas maiores ameaças foram confirmadas como superexploração – que inclui a caça insustentável, a sobrepesca e a captura aleatória de animais, como ocorre [também] na pesca – e a perda, degradação e fragmentação de habitat – de atividades como a agricultura e a expansão das infraestruturas de transportes e energia”, descreve o documento.
Uma prioridade defendida pelos pesquisadores é mapear e proteger locais vitais que servem como santuários de reprodução, alimentação e descanso durante as migrações dos animais.
O relatório mostra que quase 10 mil áreas ricas em biodiversidade do mundo são importantes para espécies migratórias listadas pela CMS, porém mais da metade dessa área mundial não é designada como protegida ou de conservação. E ainda, 58% dos locais monitorados e considerados importantes para espécies pressionadas estão sob ameaça devido a atividades humanas.
Bilhões de animais fazem viagens migratórias todos os anos, seja por terra, nos oceanos e nos céus, cruzando fronteiras nacionais e até mesmo continentes inteiros, com alguns viajando milhares de quilômetros em todo o mundo para se alimentar e procriar.
As espécies migratórias desempenham um papel essencial na manutenção dos ecossistemas mundiais e fornecem benefícios vitais, polinizando plantas, transportando nutrientes essenciais, atacando pragas e ajudando a armazenar carbono, pontuam os pesquisadores.
Veja mais destaques do estudo
- Embora algumas espécies migratórias listadas no CMS estejam melhorando de quadro, quase metade (44%) sofrem declínios populacionais.
- Mais de uma em cada cinco (22%) das espécies listadas no CMS estão ameaçadas de extinção. No total, a lista da entidade possui 1.189 animais listados, além de outros 3.000 sob monitoramento.
- Quase todos (97%) dos peixes listados no CMS estão ameaçados de extinção.
- O risco de extinção está aumentando para espécies migratórias em todo o mundo, incluindo aquelas não listadas pela CMS.
- Metade (51%) das Áreas-Chave de Biodiversidade identificadas como importantes pela CMS para os animais migratórios não têm status de proteção e 58% dos locais reconhecidos como importantes para espécies ameaçadas estão enfrentando níveis insustentáveis de pressão causada pelo homem.
- As duas maiores ameaças às espécies listadas no CMS e a todas as espécies migratórias são superexploração e perda de habitat devido à atividade humana. Três em cada quatro CMS listados espécies são impactadas pela perda, degradação e fragmentação de habitat, e sete em cada dez espécies listadas pela CMS são afetadas pela exploração excessiva .
- As alterações climáticas, a poluição e as espécies invasoras têm impactos profundos sobre espécies migratórias.
- A lista da CMS não inclui outras 399 espécies migratórias ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção globalmente.
Fonte: Um Só Planeta