O primeiro filme “O Planeta dos Macacos” mudou radicalmente minha vida. Eu tinha 15 anos em 1968. Aquela idéia de inverter os papéis bagunçou minha consciência. Gorilas, chimpanzés e ortangotangos eram os opressores. Os humanos escravizados, explorados e tratados como… bem, animais.
Achei uma grande sacada a idéia de imaginar agora (em Planeta dos Macacos: a Origem) como a tomada da Terra pelos símios teria acontecido. A história propõe uma solução meio simplista, mas prática. E nos oferece o mais autêntico revolucionário dos últimos séculos: Cesar.
A história de Cesar soma um pouco de todos os erros e crimes que cometemos contra primatas: a captura (da sua mãe) na natureza, a humanização forçada, os tormentos de um laboratório, o inferno num “santuário de primatas”, o peso desproporcional da lei, criada no espírito de corporativismo entre os seres humano.
A redenção de Cesar não pode ser medida por critérios científicos. Este filme é uma fantasia. Ele conta pelo seu simbolismo. Se passa nos Estados Unidos, mas poderia ser em qualquer parte do mundo. Nós, humanos em geral, não só escravizamos, exploramos, torturamos nossos primos genéticos, os grandes primatas. Nós estamos tomando todas as providências práticas para que eles sejam exterminados da face do planeta.
Cesar é um herói improvável no mundo real. Mas no mundo dos heróis, ele já conquistou meu coração. Ave, Cesar! Estou do seu lado, em nome desses milhares de anos de barbárie humana. Como se não bastasse, um toque de emoção a mais foi saber que a revolução começou no parque das sequóias no norte da California.
Eu caminhei entre essas mesmas árvores milenares há 19 anos atrás. E lá eu senti a paz de eras passadas, quando os humanos ainda não dominavam a Terra.