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Um escândalo criminoso

21 de setembro de 2011
4 min. de leitura
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“Os chimpanzés norte-americanos”

Foto: Santuário Save the Chimps

Na década de 80, o HIV apareceu na vida dos humanos para infernizar sua existência e enriquecer algumas grandes corporações. Nós conhecemos muito bem o jogo de interesses que explodiu no mundo pela cura da AIDS. Sofremos com aquilo, já que nosso grupo empresarial foi o primeiro no mundo a desenvolver um teste, barato e manual, para o diagnóstico da doença. Algum dia contaremos em detalhe essa história que desmascara muita gente que lucra com a saúde.

Agora vamos falar de chimpanzés, que também foram – sem culpa alguma – mutilados e torturados em nome da cura impossível da AIDS. O NIH (Instituto de Saúde dos Estados Unidos) e algumas corporações farmacêuticas concentraram seus esforços no fim da década de 80 para procurar uma vacina contra o HIV a qualquer custo.

Sem o menor preparo científico, sem testar nenhum chimpanzé para ver sua sensibilidade ante o vírus, começaram a tirar centenas de bebês chimpanzés da África, alimentando o tráfico destes primatas e inflando os preços do mercado negro e branco dos mesmos. Como não eram suficientes, foram montados Centros de Reprodução de Chimpanzés em diversas cidades norte-americanas, para atender a demanda dos laboratórios farmacêuticos, que investiam, com a chancela do NIH, centenas de milhões de dólares para chegar antes que outros à descoberta da cura ou da prevenção da doença.

Os chimpanzés chegavam a custar 60 mil dólares e eram arrancados de suas mães 24 horas depois do seu nascimento, para acelerar seu uso e o acesso ao mercado. Porém, existia um problema “legal”. O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (FWS), que tem a responsabilidade de fiscalizar a entrada e saída, permanência e uso de animais selvagens, classificava os chimpanzés (Pan troglodytes) como uma espécie na categoria “endangered” (em perigo de extinção), dentro de uma classificação usada mundialmente. Uma espécie nesta categoria não poderia ser importada, exportada, vendida, usada em tortura médica ou explorada comercialmente.

Como num passe de mágica, que ninguém explicou até agora, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos passou a classificar os chimpanzés como “espécie ameaçada (Threatened)”, já que era uma espécie “diferente” da africana, visto que tinha nascido no cativeiro dos Estados Unidos e eram chimpanzés norte-americanos. Atuando como agente das corporações farmacêuticas, o NIH forçou um órgão do Governo Norte-Americano a mudar a classificação de uma espécie, para poder torturar e explorar na forma mais insana possível aqueles chimpanzés nascidos no país e justificar seu status ante a Lei.

Dias atrás a Sociedade Humanitária dos Estados Unidos, o Instituto Jane Goodall, a PASA e outras organizações solicitaram oficialmente ao Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos que volte a classificar os chimpanzés como “em perigo de extinção”, já que para nenhuma espécie no mundo existe esta diferenciação entre os nascidos na natureza e os nascidos em cativeiro.

Na realidade, as instituições que fizeram a solicitação foram até delicadas demais, pois na verdade o estelionato científico patrocinado pelo NIH e executado pelo órgão do Ministro de Agricultura Norte-Americano foi um ato criminoso, a fim de justificar as torturas realizadas contra centenas de chimpanzés naquele país. E depois de 20 anos de sofrimento, foi descoberto que eles eram resistentes ao vírus da AIDS humano e tinham seu próprio vírus, o SIV, que não infecta os humanos.

É muito simples voltar atrás e esquecer o sucedido. Uma sociedade que se autopromove ressaltando sua Justiça e suas Instituições deve abrir uma investigação real e objetiva de como aquela mudança de classificação foi realizada, quem a solicitou e quem a aprovou, já que centenas de vidas de chimpanzés foram ceifadas; e os que sobreviveram vivem um mundo tenebroso de medos e loucuras, pelos anos sofridos nas jaulas dos laboratórios, torturados diariamente durante anos a fio.

É necessária uma explicação pública. Os chimpanzés não podem hoje falar e exigir justiça, mas nós, que também fomos vítimas nos anos 80, dos interesses por trás dos exploradores da saúde humana, exigimos que os culpados sejam identificados e punidos pelo crime que praticaram.

A MORTE DE CENTENAS DE CHIMPANZÉS NÃO PODE FICAR IMPUNE!

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