O biólogo russo Kirill Sergeevich Kravchenko, de 36 anos, foi condenado a mais de 11 anos de prisão pelo tráfico de animais silvestres no Brasil. A prisão ocorreu em junho deste ano durante a operação Leshy, realizada pelo agrupamento da Polícia Federal, Ibama, Polícia Rodoviária Federal e Interpol. A sentença é da 1ª Vara Federal de Guarulhos, na Grande São Paulo.
O Ibama aponta Kirill como um dos maiores traficantes de animais do mundo, com contatos nos cinco continentes. A Interpol declarou que o réu é peça chave de uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de animais. O biólogo foi preso junto com mais três estrangeiros, sendo um deles da Suécia.
O primeiro flagrante foi feito em 20 de janeiro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando Kirill tentava embarcar para a Rússia com 294 animais vivos.
O russo foi preso durante a fiscalização das bagagens, minutos antes do embarque para São Petersburgo, capital da Rússia. A polícia encontrou 50 lagartos, de três espécies diferentes, 50 aranhas, 25 sapos de cinco espécies diferentes e outros animais de espécies variadas. A maior parte dos animais estava na bagagem de mão do biólogo.
Segundo um fiscal do Ibama que acompanhou a operação, os animais estavam muito mal acomodados em potes de plástico dentro da bagagem de mão e também da mala. A maior parte dos animais morreu nas horas seguintes da apreensão. Em um saco de algodão, haviam 44 lagartos no lugar onde cabe um só.
No momento da detenção o biólogo disse que o comércio de animais é permitido na Rússia, e que ele não possuía conhecimento da proibição das leis brasileiras, por ser um cidadão russo. O Ibama aplicou uma multa e a Polícia Federal recolheu o passaporte de Kirill, que liberado na sequência.
No dia 18 de junho, foi realizada a segunda prisão de Kravchenko, na rodovia presidente Dutra, em Seropédica, no Rio de Janeiro. O biólogo foi novamente flagrado com espécies silvestres, ele estava em um ônibus com 320 animais. A sentença de condenação foi proferida na 1ª Vara Federal de Guarulhos, na Grande São Paulo, pela juíza Ana Emília Rodrigues Aires, no dia 3 de dezembro. O Ibama declarou que Kravchenko vinha sendo monitorado desde 2017 por conta do comércio de animais.
Através de conversas obtidas no aparelho celular do réu, foi possível constatar que o acusado atuava na compra e transporte dos animais silvestres. Nas mensagens foram obtidas referências a espécies de animais, valores de compra e venda e a quantidade de indivíduos contrabandeados. A maior parte dos animais são traficados do Brasil, República Tcheca, Equador, Egito, África do Sul, Panamá, Namíbia, Japão, Vietnã e Angola.
O Ibama informou que todos os animais resgatados nas operações de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram encaminhados para o Instituto Butantã.