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Últimos refúgios de chimpanzés são invadidos na África

19 de setembro de 2010
3 min. de leitura
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O norte da República Democrática do Congo possui a metade dos chimpanzés da África em vida livre. Porém, isso pode mudar dramaticamente em poucos anos, já que a região está sendo invadida por milhares de mineradores de ouro e diamante, que também são caçadores e exterminam populações adultas. Eles ficam com os bebês chimpanzés, que, quando não morrem por inanição ou doenças, são vendidos por poucos dólares como animais de estimação.


Bebês chimpanzés são vendidos como animais de estimação (Foto: Projeto GAP)


Um grupo de cientistas da Universidade de Amsterdã, da Universidade de Columbia, da Aliança de Primatas do Canadá e do Projeto TL2, desenvolveu um trabalho de mais de 18 meses, onde percorreram milhares de quilômetros nas florestas ao norte e sul do Rio Uele, e confirmaram o massacre realizado nos últimos meses com a população livre de chimpanzés, especialmente na área ao sul deste rio, onde milhares de mineradores têm se estabelecido.

Num trabalho pormenorizado e registrado entre setembro de 2007 e março de 2009, os pesquisadores contabilizaram 42 bebês chimpanzés órfãos e 36 ossadas de adultos, mortos por caçadores que vendem a carne para consumo. A caça é realizada com armas de fogo, ou, de maneira mais “eficiente”, com o uso de flechas envenenadas, possibilitando o assassinato de grupos inteiros de chimpanzés sem chamar a atenção uns dos outros. Os bebês, por terem “pouca carne”, são levados para cidades e vendidos como animais de estimação.

Esta mesma equipe de cientistas, liderada por Thurston C. Hicks, da Universidade de Amsterdã, começou a trabalhar nesta área desde 2004 e consegue perceber a diferença da região nos últimos anos. A região ao norte do Rio Uele, com mistura de florestas e savanas, todavia, fica protegida, já que os mineradores não chegaram lá; a zona sul, quase toda de florestas, foi invadida por mais de 3.000 mineradores individuais, que vêm de outras regiões, e não têm restrições para matar e alimentar-se ou comercializar animais selvagens.


Bebê chimpanzé resgatado (Foto: Projeto GAP)


A população local até agora respeitou os chimpanzés, visto que considera que é “do mal” matá-los, e mais ainda comê-los, e também foram informados da lei congolesa que proíbe a matança e o comércio de carne de grandes primatas.

No extenso trabalho do grupo de pesquisadores publicado a alguns dias no African Primates, são feitas recomendações urgentes para acabar com o massacre de grandes primatas ao norte do Congo, como estabelecer um programa formal de proteção a todas as populações identificadas de chimpanzés nas florestas, iniciar uma campanha educacional através de filmes e rádio e resgatar os bebês chimpanzés que ficaram nas mãos da população e de comerciantes nesta área do Congo.

Dos 42 bebês chimpanzés órfãos identificados, cinco deles foram resgatados pela equipe de cientistas, conseguindo a doação voluntária das pessoas que estavam com esses bebês, e foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Primatas de Lwiro, com a ajuda de várias outras organizações que financiaram a operação.

No entanto, 37 bebês chimpanzés ainda estão nas mãos de pessoas que os oferecem para venda, e mantêm muitos deles acorrentados e sem alimentação.

É necessária uma ação emergencial para resgatá-los e enviá-los a algum santuário de proteção aos grandes primatas, ou não resistirão.

Fonte: Projeto GAP

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