EnglishEspañolPortuguês

AMEAÇADA

Última girafa branca do mundo usa rastreador para se proteger de caçadores no Quênia

Com população de girafas em declínio, cientistas apostam em monitoramento 24 horas para evitar o pior

19 de junho de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ishaqbini Hirola Community Conservancy

Na vastidão do reino animal, poucos indivíduos chamam tanto a atenção quanto aquelas que nascem com uma rara coloração branca. Desde a orca “Frosty” até Itzae, o raro filhote de puma albino, esses animais se tornam símbolos de beleza e exclusividade da natureza. Mas quando uma espécie já está ameaçada pela ação humana, como as girafas, a existência de um exemplar branco é ainda mais extraordinária – e arriscada.

No Quênia, o último macho conhecido de girafa branca vive sob constante ameaça de caçadores. Em março de 2020, sua companheira e filha foram mortas por criminosos, deixando-o como o único sobrevivente de sua família. Para evitar que o mesmo destino lhe alcance, conservacionistas instalaram um rastreador GPS em um de seus chifres, monitorando cada movimento em tempo real.

Sua coloração única é resultado de uma condição genética chamada leucismo, que causa a perda parcial de pigmentação (diferente do albinismo, que também afeta os olhos). Essa característica rara, porém, o torna um alvo valioso para caçadores, que traficam partes de animais exóticos por preços exorbitantes.

Na Reserva Comunitária de Ishaqbini, onde a girafa vive, o dispositivo emite alertas a cada hora. Se o sistema detectar movimentos suspeitos ou aumento da frequência cardíaca – possíveis sinais de um ataque –, guardas-florestais são acionados imediatamente. A esperança é que, dessa vez, a tecnologia ajude a garantir que a última girafa branca não desapareça como as outras.

Girafas estão vulneráveis

Devido à caça e outras ações humanas, como perda de habitat, conflitos civis e mudanças ecológicas decorrentes do aquecimento global, as populações de girafas diminuíram aproximadamente 40% nos últimos 30 anos. No Quênia, onde vive a última girafa branca conhecida no mundo, estima-se que restem apenas cerca de 16 mil indivíduos, uma redução de 67% desde 1977.

Em 2016, a girafa (Giraffa camelopardalis — embora estudos recentes sugiram que existam, na verdade, quatro espécies distintas) foi classificada como Vulnerável na Lista Vermelha da IUCN. Com o crescimento contínuo da população humana, os habitats essenciais e as plantas das quais as girafas dependem vêm sendo destruídos para dar lugar à agricultura, extração de madeira e expansão urbana.

As mudanças climáticas também representam uma ameaça crescente, intensificando a desertificação e a aridez, o que reduz a disponibilidade de alimentos.

A caça tem dizimado populações de girafas, seja por meio da captura direta ou de ferimentos incapacitantes causados por armadilhas cruéis, como os laços que se multiplicam no Parque Nacional Kruger.  Estudos mostram que a caça desestabiliza a organização social desses animais, altera seus padrões migratórios e reduz a capacidade de alimentação e reprodução dos indivíduos feridos.

Apesar dos esforços para combater a caça de espécies ameaçadas, a prática continua e coloca as girafas em risco extremo.

    Você viu?

    Ir para o topo