A Fazenda Experimental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu cerca de 40 mil mudas plantadas no local desde outubro de 2021. A expectativa é de que a primeira etapa dos trabalhos seja finalizada ainda neste mês de março.
Segundo a UFJF, o objetivo é promover o reflorestamento da Mata Atlântica no entorno da represa de Chapéu d’Uvas, que, de acordo com a instituição, é um dos biomas mais ameaçados do Brasil, com a perda de 70% da extensão original.
A iniciativa faz parte do projeto “Raízes para o Futuro”, desenvolvido pelo Núcleo de Integração Acadêmica para Sustentabilidade Socioambiental, em parceria com a concessionário Via 040, junto ao projeto BEF-Atlantic, uma colaboração entre o núcleo e a Universidade Técnica de Munique (TUM), da Alemanha.
Núcleo de Integração Acadêmica para Sustentabilidade Socioambiental
O objetivo do núcleo é buscar soluções de sustentabilidade para a Mata Atlântica, com membros de diversas áreas do conhecimento da UFJF.
De acordo com a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp) da UFJF, Mônica Ribeiro, reflorestar terras devastadas da mata mineira é um desafio que deve ser superado ao aplicar diversos conhecimentos científicos no reflorestamento do local.
“Historicamente, essa região teve seu solo desgastado pela produção de café em larga escala e depois, com seu declínio, essas áreas foram transformadas em pastos e capoeiras”, completou.
O projeto, segundo a pró-reitora, está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Espécies nativas e benefícios ecológicos
A Mata Atlântica, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, abrange cerca de 15% do território nacional, em 17 estados, ocupando cerca de 70% das áreas em que vive a população e abriga três dos maiores centros urbanos sulamericanos.
Este é o terceiro projeto de reflorestamento focado nas teorias de Biodiversidade e Funcionamento de Ecossistemas realizado no Brasil, o primeiro foi feito na Caatinga, com início em 2016, e o segundo também é relativo à Mata Atlântica, no estado de São Paulo.
Segundo a UFJF, parte das 40 mil plantas foram produzidas no viveiro de mudas da Fazenda Experimental do núcleo e outra parte foi adquirida com produtores de árvores nativas da Mata Atlântica.
Conforme palavras do professor da UFJF, André Amado, é difícil estimar quanto tempo levará para se desenvolver uma floresta madura, pois depende da composição das espécies e da idade que ela chega às mãos do projeto.
Uso de técnicas
O reflorestamento é previsto pela Lei Federal 4.771, desde 1965, com a compensação de áreas devastadas, que, de acordo com a UFJF, é feita por meio dos plantios de sementes ou mudas de árvores nativas ou da manutenção da vegetação já existente.
Mas ainda há diversas outras técnicas para obter um resultado efetivo no reflorestamento dessas áreas. Porém as práticas do mercado não preveem estratégias alinhadas às características de cada espécie e o funcionamento ecológico a longo prazo.
Conforme afirma a UFJF, o diferencial do que é realizado na Fazenda Experimental é a coordenação de diferentes dinâmicas e cenários para a avaliação do processo de crescimento das plantas.
Monitoramento e atividades
A instituição ainda ressalta que haverá varredura em todas as mudas para determinar a taxa de sobrevivência, que, geralmente, fica em torno de 70 a 80%. As plantas que não sobreviverem serão substituídas e acompanhadas durante o desenvolvimento.
As atividades serão executadas por funcionários contratados pela Via 040, com operadores de máquinas e agentes no preparo do solo e na plantação das mudas. Em relação à organização e montagem da parte experimental, a equipe responsável será da UFJF.
Fonte: G1