Responsáveis pelos canis acham a situação absurda e não poupam nas críticas aos tutores de animais que continuam gatando dinheiro com coisas supérfluas e dizem não ter dinheiro para dar de comer aos cães, em Portugal.
Tutores levam seus animais para serem sacrificados, principalmente cães, alegando que não os podem manter devido à crise e que não suportam que eles sejam entregues a outros tutores. A informação foi dada ao jornal “O Mirante”, pelo veterinário responsável pelo canil de Rio Maior, João Simões Carvalho. “Há cada vez mais pessoas abandonando seus cães e cresce também o número de pessoas que entregam ao canil pedindo especificamente para sacrifica-los e não os dar para adoção” alerta o veterinário que diz não compreender esse tipo de pedidos.
A estranha situação não se regista apenas em Rio Maior. Sílvia Piedade, presidente da Associação Scalabitana de Proteção dos Animais (Aspa), diz que já recebeu pedidos idênticos em Santarém, embora sejam em número pouco significativo. “Sinceramente não entendo a ideia dessas pessoas. Para sacrificar o animal deve-se de pagar pelo menos 50 euros e, ainda assim, usam a crise como argumento para não manter o cão/gato?! Que sentido tem isso?”, comenta. No entanto, diz saber que há pessoas que não sabem o que fazer para manter os seus animais. “Há gente que nos liga porque não tem capacidade econômica. Esta crise também dificulta a vida dos animais”.
Ana Moreira, presidente da Associação Defesa dos Animais do Concelho de Abrantes (ADACA), não é tão compreensiva. “Temos notado um grande aumento do número de animais abandonados, isso é um fato, mas não vamos ser hipócritas e fingir que a culpa é da crise, quando essas pessoas continuam gastando com cerveja e tabaco” refere a responsável pelo canil, de forma frontal, garantindo que os problemas econômicos são “falsos argumentos”. Ou uma mera questão de prioridades. Quanto a pedidos para sacrifícios de animais com o argumento de que não podem ser mantidos e que os tutores não os querem entregues a terceiros, não conhece.
“As pessoas têm a ideia que podem trocar um animal por outro, que têm o poder de abandonar o seu cão porque este está velho ou porque não é conveniente tê-lo. Não pode ser assim” justifica Ana, aproveitando para contar um episódio da sua, já longa, batalha pelos animais: “Um dia desses, esteve aqui um senhor para abandonar a sua cadela. Tinha um bom carro e uma caixa de transporte para o animal. Com naturalidade tirou a cadela da bagageira para a entregar. A razão era simples: “Está velha, não serve para caçar! Então eu respondi: E o senhor, daqui a uns anos também não serve para nada, pois não? E depois?!”
Canis com vida dificultada
A vida nos canis, municipais ou não, já teve melhores dias. Em Rio Maior, durante este ano, existiram apenas três adoções, algo impensável para quem tem cerca de 50 cães a seu cargo. Já a Aspa enfrenta desafios bem mais difíceis. As adoções também não são muitas e o número de animais é bem superior: 190. “O canil é gerido apenas por nós, temos muitos animais, bastante trabalho e poucos voluntários”, afirma Sílvia Piedade.
Fonte: O Mirante