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Tutores de animais garantem: 'é amor incondicional'

21 de julho de 2014
6 min. de leitura
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Antes mesmo de nascer, a casa de Michelle já era povoada por dez gatinhos adotados por seus pais
Antes mesmo de nascer, a casa de Michelle já era povoada por dez gatinhos adotados por seus pais

Comemorado no último domingo, o Dia do Amigo remete à celebração da amizade entre os seres humanos. No entanto, o homem também encontrou nos animais verdadeiros companheiros. E prova disso são os animais que povoam residências mundo afora e são tratados como membros da família.

Esse é o caso de Michelle Morais, 21 anos, “amiga” de 11 cachorros e 15 gatos, todos SRDs e domesticados em sua casa. A moradora do bairro Jardim Vírginia, em Guarujá, conta que sempre foi acostumada a viver junto de animais e que seus pais já moravam com dez gatos antes mesmo dela nascer.

Sempre adotando animais que moram na rua, o amor que eles sentem é do tipo mais puro, segundo ela. “Não esperam nada em troca de você, muito menos querem lhe deixar triste. Eles são fiéis até a morte e só querem passar o tempo ao seu lado, aproveitando cada momento. Hoje em dia, são raras as amizades que podemos ter com outras pessoas como as que temos com os animais”, declara.

Mas, se o ditado popular diz que “o cão é o melhor amigo do homem”, Michelle também acredita que os gatos são capazes de manter amizade com seus donos. Considerados animais “interesseiros” e “falsos” por muitas pessoas, os felinos são injustamente incompreendidos, segundo ela.

“Gatos têm modos diferentes de se relacionar, mas se a pessoa conseguir entender, eles se tornam mais amorosos que qualquer cachorro. Por onde quer que eu ande, dentro de casa, os gatos vão também. Inclusive na hora do banho. Eles me seguem até o chuveiro e ficam me observando. Parece até que querem se banhar também! Todos eles são muito carinhosos”, conta a entusiasmada fã dos gatinhos.

Solidariedade com os animais

Há aqueles que levam a amizade a outro nível, como Marilucy Pereira, 41 anos, que desde o ano passado faz trabalho voluntário à Coordenadoria de Proteção à Vida Animal (Codevida), em Santos. Estudante de biologia e “amiga” de três cachorros e três gatos que moram em seu apartamento, ela se diz amante de animais “desde que se conhece por gente”. A decisão de ajudar na proteção dos animais veio após uma visita à instituição, em 2013.

Após descobrir o baixo índice de adoção dos animais adultos que o local abriga, Marilucy criou uma página no Facebook que destaca esses seres, mostrando suas características e informações para quem quiser abrigá-los. Geralmente, os filhotes são os primeiros a sair das casas de adoção, segundo Marilucy.

“As pessoas não sabem o que estão perdendo ao deixar de adotar um animal adulto. Além de ser mais fácil de criar e educar do que um recém-nascido, esses seres são eternamente gratos pela adoção, visto que muitos foram abandonados ou, até mesmo, mal tratados no passado”, lamenta.

Voluntária da Codevida desde 2013, Marilucy Pereira alerta o baixo nível de adoção que animais adultos recebem
Voluntária da Codevida desde 2013, Marilucy Pereira alerta o baixo nível de adoção que animais adultos recebem

Um dos feitos da página foi arrecadar uma ração especial para a cadelinha Vida, vítima de maus-tratos em fevereiro deste ano. A pit bull necessitava de alimentação especial por conta dos ferimentos e recebeu doações do país inteiro após ter sua história publicada na página de Marilucy e na imprensa. A mobilização foi tanta que até os fabricantes da ração decidiram doar latinhas do alimento ao animal.

No final, a campanha arrecadou impressionantes três mil porções que, além de ajudar Vida, também foram armazenadas na Codevida para que

Marilucy teve papel importante na recuperação de Vida
Marilucy teve papel importante na recuperação de Vida

outros animais necessitados pudessem aproveitar.

Além da página, Marilucy também organiza rifas em seu perfil pessoal para arrecadar fundos para os animais. Ela conta que é gratificante demais dedicar sua vida à causa animal e sempre exalta o amor intenso que eles demonstram por seus tutores.

“Não existe amizade mais sincera do que a entre qualquer animal e o homem. Seja doméstico ou não, o amor que desperta é intenso e faz muito bem. É um companheiro fiel para o resto da vida que ama você independente de ser pobre ou rico. Uma amiga minha costuma dizer algo com o qual concordo muito: se você prender algum humano em um porta-malas por dez minutos, ele vai querer te esganar ao sair de lá. Agora, se prender seu animalzinho durante o mesmo período, o mesmo vai
morrer de amores e carinhos por você mesmo assim”, conta, aos risos.

Ciência explica

A psicóloga (e apreciadora de animais nas horas vagas) Priscila Costa explica o fenômeno da amizade entre humanos e animais, destacando a afetividade entre eles. Tratados como “bebês” através da alimentação, cuidados com a saúde e higiene, os animais atuam na compensação emocional e são ”aliados” que podem amparar seus tutores no dia-a -dia, sendo companheiros até mesmo na superação de problemas emocionais, exemplifica a profissional.

Priscila exalta a alta confiança nos animais pela pureza de seus instintos e afetividade. “O animal não fala, mas se comunica através de outros sentidos. Ao se sentir acarinhado, dará uma resposta mais imediata, sem as defesas comuns que os seres humanos sustentam em suas relações. Além do mais, o convívio com os animais permite um resgate a um aspecto lúdico importante. O cão, por exemplo, sempre nos convoca para uma brincadeira, para um lado prazeroso e de liberdade”, esclarece a psicóloga.

Origem da data

O real significado do Dia do Amigo não tem nada a ver com animais, e, sim, com o dia 20 de julho de 1969, quando o norte-americano Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua. O feito marcou gerações e está eternamente cravado na história da humanidade. Por conta disso, o argentino Enrique Ernesto Febbraro decidiu instituir o Dia do Amigo nesta data. Segundo ele, a chegada do homem à Lua significava que o mundo não teria mais fronteiras, deixando de existir barreiras nos relacionamentos entre as nações, independente da raça, da ideologia ou da religião.

Apesar disso, desde 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 30 de julho como o Dia Internacional da Amizade. No entanto, a maior parte do Brasil e outros países celebram a data em 20 de julho, visto que a decisão da ONU é recente.

Fonte: A Tribuna

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