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GUERRA NA UCRÂNIA

Tutores arriscam as próprias vidas para salvar seus animais amados

16 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Instagram | @uanimals.official

A invasão russa completou 20 dias, mas ainda há civis ucranianos deixando o país com seus animais domésticos. Com o avanço do conflito, os bombardeios se tornaram mais intensos e as estradas mais perigosas, mas muitos tutores ainda estão saindo do país devastado na companhia dos seus animais domésticos. Muitos estão arriscando a própria vida em meio ao frio, a escombros e passando por comboios russos no caminho.

Um dos principais destinos de quem foge da Ucrânia é a Polônia, que montou abrigos e hospitais de campanha próximo à fronteira para acolher pessoas e animais. Diariamente, refugiados chegam ao país vizinho na companhia de cães, gatos, coelhos, hamsters e outros animais. A ucraniana Svitlana e sua família caminharam por 650 quilômetros em meio a bombardeios para fugir com o seu cãozinho, o labradoodle Phil, no colo.

Ela conta que foi muito difícil carregar o cachorro, que estava assustado, e precisava parar para descansar com frequência. “Foi difícil escapar com um cão tão grande. Tivemos uma longa jornada e foi difícil para Phil se sentar em um só lugar”, disse CGTN. O cachorrinho, além de um grande companheiro da família, se tornou o principal ponto de forço e esperança durante a travessia. “Phil é nosso amigo, nossa família, nunca teriamos partido sem ele”, disse.

Poloneses e voluntários de outros países recebem refugiados com os seus animais com cobertores e alimentos para cães e gatos na fronteira. A francesa Christell foi de Paris até a Polônia para ajudar pessoas e animais. “Eu amo muito os animais. Eu sabia que as pessoas não os deixariam para trás, então falei com todos os veterinários ao redor da minha casa, enchi minha van e comecei a dirigir”, afirmou enquanto entregava um agasalho para uma mulher com um cãozinho.

A organização polonesa DIOZ afirma que muitos tutores e animais estão chegando exaustos, famintos e feridos após dias de caminhada, mas é um alento saber que o amor das pessoas é tão grande que, mesmo diante de tantos riscos, os animais não foram abandonados. “Nós tentamos apoiar os animais em toda a Ucrânia. Em geral, os animais não são bem tratados. Eles estão em condições terríveis. Eles estão passando fome e morrendo”, disse um porta-voz.

Sem fronteiras para a compaixão

A organização em defesa dos direitos animais alemã Winkler Aktiv de Chemnitz montou um abrigo improvisado na cidade polonesa de Medyka, na fronteira com a Ucrânia, para oferecer um lar temporário para animais afetados pela guerra. A porta-voz do abrigo de campanha, Sasha Winkler, afirma que o local será um refúgio seguro para os animais que ainda estão vagando pelas ruas ucranianas sob a ameaça de bombardeios.

A Winkler Aktiv de Chemnitz também está aceitando doações de suprimentos que serão levados para Lviv, na Ucrânia, onde serão distribuídos em abrigos que estão superlotados e já sofrem com a falta de energia elétrica, comida e suprimentos. Cerca de 2,7 milhões de civis fugiram da Ucrânia desde a invasão russa. Muitos atravessaram as fronteiras com os seus animais domésticos, mas outros deixaram seus animais em abrigos ou à própria sorte.

Ameaça real

Bombas russas atingiram dois abrigos, um em Gorlovka e outro em Donetsk, ambos no leste da Ucrânia. Não há estatísticas oficiais, mas segundo informações do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW), muitos cães e gatos morreram, as estruturas dos locais sofreram sérios danos e muitos animais, apavorados, fugiram. Voluntários estão se dividindo entre resgatar os animais que correram em direção a zonas de confronto e cuidar dos animais que ficaram feridos com estilhaços.

A IFAW afirma que destinou cerca de £ 114.000 em ajuda de emergência e pede que outras organizações internacionais enviem suprimentos e auxílio. James Sawyer, diretor da entidade, afirma que, infelizmente, não é possível enviar voluntários para ajudar presencialmente, o que, sem dúvidas, seria de grande valia nesse momento. “A coisa mais útil agora é fornecer recursos aos grupos locais. Não podemos colocar botas no chão, é muito perigoso”, disse ao The Mirror.

O abrigo Holivka, localizado em Gorlovka, acolhe aproximadamente 300 animais e foi gravemente afetado. “Os funcionários dos abrigos ainda estão no local e forneceremos recursos para que eles possam continuar cuidando dos cães. As condições são muito difíceis”, disse James, que está em contato direto com a equipe do local. Os voluntários que aceitaram arriscar suas vidas para proteger os animais contam que não há energia elétrica e não podem fazer fogueiras.

O abrigo Pif, em Donetsk, foi o que sofreu mais danos, com dezenas de cães e gatos mortos e muitos animais feridos. O local acolhe 800 animais e está lutado para se manter de pé. A maior preocupação dos voluntários é a falta de suprimentos. Com o dinheiro que receberam, eles conseguiram comprar poucos estoques de fornecedores locais, mas se a guerra se prolongar por muito mais tempo, os animais ficarão sem comida e medicamentos.

James afirma estar surpreso com os ataques russos, que não estão poupando hospitais e abrigos, zonas consideradas neutras. “É bastante incomum vermos abrigos de animais sendo atacados de forma gratuita e covarde. Eles não são particularmente um alvo de guerra”. Apesar das dificuldades, ele esclarece que não deixará de ajudar. “Estamos trabalhando duro globalmente nessa questão. Continuaremos muito comprometidos com os animais”, pontuou.

O clima nos abrigos é de tensão. Voluntários explicam que os cães e gatos mantidos nos locais estão desenvolvendo sinais de intenso sofrimento emocional e muitos estão buscando lugares para se esconder. Eles também sentem a tensão que envolve toda a equipe e estão extremamente introspectivos. “Queremos muito paz. Estamos extremamente cansados ​​mental e fisicamente”, finalizou uma voluntária.

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