Era uma tarde quente em novembro de 2017, quando o irmão de Eduarda Socoloski saiu de casa e deixou o portão da residência aberto. De lá para cá, foram quatro anos de constantes questionamentos sobre qual seria o paradeiro do labrador Jack. Só que o que eles não sabiam é que uma ação de empatia e amor traria um novo capítulo para essa história.
Eduarda já tinha até perdido as esperanças de se encontrar com o seu amado cachorro, mas uma sequência de fatos levou os dois a terem um reencontro emocionante e inesperado.
O cachorro que a analista de laboratório de Campo Grande (MS) tinha, era diagnosticado com displasia coxofemoral, que é um distúrbio na área da coluna e que compromete os membros posteriores dos cães de grande porte. Por conta dessa condição, Jack se diferencia do restante dos cachorros da sua raça e foi também por esse motivo que ele foi identificado pela sua antiga tutora.
A analista estava procurando o responsável de um cão que ela mesma resgatou da rua, quando como que por coincidência, viu um labrador muito parecido com Jack na internet, fazia quatro anos que os dois não se viam. “Ao longo desse tempo a gente chegou a encontrar outros labradores da cor dele, mas não era ele”, contou Eduarda em entrevista para o G1.
“Semana passada apareceu um cachorro aqui em casa e o meu irmão postou uma foto dele em um grupo na internet. Foi aí que ele encontrou a publicação da Vanuza. Na imagem dava para ver que o animal tinha um probleminha nas costas que nem o Jack. Foi então que o meu irmão me mandou uma foto e disse pra eu “dar uma olhada nesse labrador. Confesso que na hora, achei muito improvável ser ele”, conta a guardiã para o G1.
Eduarda sempre quis ter um cachorro, desde criança, quando junto com a sua família decidiu adotar Jack, que ainda era filhote quando chegou na casa da moça. “Ele sempre foi meu xodozinho, muito apegado a mim”, lembra ela.
Depois da fuga do animal, a família ainda procurou o cachorro pelas ruas de Campo Grande (MS) e nas redes sociais, mas nenhuma informação concreta chegou até eles. Os meses passaram, se transformaram em anos e a família foi perdendo as esperanças de encontrar o labrador caramelo. Foi em grupo de animais resgatados do Facebook, que Socoloski viu a postagem de Vanuza e decidiu entrar em contato para checar se aquele labrador era mesmo o Jack.
Vanuza Santin de 41 anos, avistou um cachorro em situação de rua no bairro Coopharadio, Região Leste de Campo Grande, e pela primeira vez na vida decidiu dar abrigo para um animal abandonado. “Encontrei ele na rua muito debilitado, mancando bastante, estava com vários machucados”, lembra Vanuza. “Então eu decidi divulgar a foto pra ver se ele tinha algum responsável”, conta a diarista.
O que Santin não podia esperar é que receberia uma mensagem em poucos dias da Eduarda, questionando sobre as características físicas do animal. “Sabe me dizer se ele manca ou anda meio em falso?”, perguntou a analista de laboratório em mensagem. “Perdi ele há um tempo e já tinha perdido as esperanças de encontrá-lo”, escreveu no a tutora no bilhete.
As duas mulheres então decidiram marcar um encontro. “Foi muito lindo, ela chegou e o chamou pelo nome”, lembra Vanuza. “Quando o Jack cheirou a gente ele lembrou de mim na hora. Foi uma emoção muito forte de reconhecimento e alívio”, conta sorridente Socoloski.
A identificação foi mútua e aconteceu como se os dois não tivessem passado tanto tempo longe um do outro. “Não tinha como não ser ele, foi uma conexão muito estranha que aconteceu na hora. Eu falava com ele e ele abanava o rabinho, não queria mais sair de perto de mim”, conta a analista.
Os tutores levaram Jack para casa, e se havia alguma dúvida quanto a identidade do animal, ela acabou naquela hora. “Parece que ele conheceu o lugar, ele ficava toda hora passando ao redor do meu pai”, conta Eduarda, que hoje tem 23 anos e uma filha recém-nascida. “Com certeza vou ensinar ela a amar e respeitar os animais, porque nenhum deles nenhum merece ser abandonado”, afirma a mulher.
Ela acredita que Jack chegou a ser resgatado logo que fugiu, mas foi colocado nas ruas novamente quando a sua doença ficou evidente. “Quero cuidar dele e dar todo o amor que não pude dar nesse tempo que ficamos longe”, declara Socoloski, que ainda está a procura de uma lar para o outro cãozinho que tirou das ruas.