Márcia Maria do Nascimento, 63 anos, decidiu não realizar a eutanásia em seu cachorro Juca após um grave atropelamento. O cãozinho SRD, hoje com 12 anos, sofreu um acidente há cinco anos que o deixou com sequelas permanentes, necessitando de cuidados especiais como uso de fraldas e cadeira de rodas.
Apesar do prognóstico inicial desencorajador e da recomendação médica de eutanásia, Márcia optou por investir no tratamento do animal, que incluiu cirurgia na coluna e fisioterapia aquática. Hoje, mesmo com limitações físicas, Juca mantém uma vida ativa e feliz ao lado de sua tutora, que o considera uma missão em sua vida.
“Ele é uma missão para mim”, resume Márcia, que há mais de uma década divide com o cão uma história de amor, superação e companheirismo.
A ligação de Márcia com os animais vem desde a infância. Ela conta que já teve cachorro, gato e até papagaio. “Desde pequena, eles sempre fizeram parte da minha vida”, conta. O vínculo com Juca começou logo após a morte de outro grande amigo, o Pingo, que viveu por 11 anos.
“Eu estava triste, e uma amiga que tinha vários filhotes me ofereceu o Juca. Ele era o mais feinho, o mais pequenininho e quietinho. Veio pra casa e, desde então, vivemos todos os momentos juntos, os bons e os ruins”, detalha a tutora.
Um desses momentos difíceis aconteceu há cerca de cinco anos, pouco antes da pandemia. Ao abrir o portão de casa, Márcia viu o cachorro correr para a rua, algo que ele nunca fazia. “A rua é super tranquila, quase não passa carro, mas naquele dia uma motorista veio em alta velocidade e atropelou ele. Foi um desespero”, lembra.
O impacto foi tão grave que Juca precisou passar por cirurgia na coluna com um neurologista. Depois, vieram meses de fisioterapia aquática e tratamento intensivo. Mesmo assim, o prognóstico não era animador.
“O médico disse que ele não tinha mais jeito, que não voltaria a andar. Chegaram a recomendar a eutanásia, mas eu jamais faria isso. Como você cria um filho e depois decide que vai acabar com a vida dele? Não pode”, destaca.
Foram três meses de luta até o diagnóstico definitivo: Juca ficaria com sequelas permanentes, mas poderia manter uma vida com qualidade. Desde então, ele toma remédios controlados e faz caminhadas diárias com ajuda da tutora.
“Ele é um cachorrinho com deficiência usa fralda, tem cadeirinha de rodas, cadeirinha de carro e precisa de cuidados o tempo todo. Mas ele é muito ativo, bravo, esperto. Velhinho, mas danado”, brinca Márcia.
O amor também se reflete na rotina da casa. As trocas de fraldas acontecem três vezes por dia, sempre acompanhadas de limpeza e pomada para evitar assaduras. As viagens exigem planejamento e às vezes o cachorro fica em uma clínica amiga ou sob os cuidados da filha de Márcia.
“Não é fácil. É trabalhoso e é gasto. Muita gente opta pela eutanásia por não querer assumir tudo isso, mas penso que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém. Eu acredito que o Juca é uma missão pra mim, e eu tô bem com isso”, comenta.
Hoje, ao lado de Juca, vive Kika, uma gata de 15 anos. Segundo a tutora, a dupla é parte do cotidiano e da família da tutora, que não se vê sem os bichos por perto. “O Juca representa amor, companheirismo e bondade. Ele me ensina todos os dias que vale a pena insistir”, resume.
Apesar de toda a caminhada difícil que já enfrentaram, Márcia afirma que ver o cãozinho bem é a maior recompensa. “Ele não anda mais como antes, mas vive feliz. E é isso o que importa”, finaliza.