EnglishEspañolPortuguês

IRREGULARIDADES

Tutor denuncia que Unidade de Zoonozes de Maceió (AL) induziu cachorro sadio à morte; polícia vai investigar o caso

Apolo era da raça Weimaraner e passou pelo procedimento de morte induzida no sábado. UVZ disse que animal estava doente que o sacrifício foi feita para impedir sofrimento do animal.

20 de fevereiro de 2023
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Arquivo Pessoal

O tutor de um cachorro denuncia que, após o animal fugir de casa, ele foi recolhido pela Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), onde foi feita a morte induzida do cão (procedimento intencional e indolor que causa a morte do animal para aliviar o sofrimento). Ele diz que o animal da raça weimaraner, apesar de idoso, tinha todos os cuidados, estava sadio e que não havia nenhum motivo para o sacrifício ser praticado.

Por meio de nota, o UVZ disse que recebeu uma denúncia de que um cachorro tinha sido abandonado em Cruz das Almas. O animal encontrava-se desidratado e sem conseguir se levantar e foi levado ao Centro com várias lesões pelo corpo e em situação de sofrimento. Disse ainda que, após avaliação clínica, foi feita a morte induzida (leia nota na íntegra ao final do texto).

Entretanto, segundo a OAB, mesmo com as indicações de morte induzida, a prática só pode ser realizada três dias após a entrada do animal no UVZ.

Ronaldo Júnior cursa o 9º período de medicina veterinária e conta que na sexta-feira (17) o portão da casa onde mora quebrou e que Apolo saiu correndo. Ele disse que procurou por horas e não o encontrou.

“Eu sai procurando. Algumas pessoas disseram que ele estava na areia da praia. Eu sai de Cruz das Almas onde moro até o final de Jacarecica procurando por ele. Dei voltas, ele foi visto perto do shopping, eu fui procurando até 1 hora da manhã e nada”, disse o tutor.

Foto: Arquivo Pessoal

No dia seguinte, as buscas continuaram. “Um bombeiro militar disse que encontrou o animal, deu água e que acionou o UVZ. Eu fiquei tão aliviado, achando que estariam com meu cachorro. Mas meu pesadelo foi ainda pior”, lamentou Ronaldo.

Tutor diz que animal era saudável e não tinha motivos para o procedimento. Apesar do animal ter 13 anos, Ronaldo diz que Apolo era saudável e que a atitude de morte induzida foi totalmente equivocada.

“Uma amiga falou com uma pessoa do UVZ e disseram que meu cachorro nunca deu entrada lá. Depois descobrimos que ele foi morto e que estava no freezer. Minha gente, eles assassinaram meu cachorro. Ele era um animal saudável, não tinha patologia, parasitose ou zoonozes. Ele nunca teve nenhum carrapato”. afirmou.

Prestes a se formar em medicina veterinária, Ronaldo disse que tinha marcado as fotos da formatura com o Apolo, seu melhor amigo e paciente.

“Eu prestes a me formar, aprendi muita coisa. E umas das principais é que não podemos fazer a morte induzida em animal saudável. É crime, é assassinato. Só um médico veterinário pode fazer esse procedimento após avaliação médica criteriosa para saber se o animal está se alimentando, se consegue fazer ingestão de água, se a patologia que ele possui causa dor e sofrimento, se tem zoonozes. O Apolo não tinha nada. Se ele estava desidratado. Era só colocar um soro que eu pagava, por ele eu fazia tudo. Essa atitude criminosa não vai ficar impune”, lamentou.

Ronaldo registrou Boletim de Ocorrência e o caso será investigado pela Delegacia Especializada de Combate aos Crimes Contra o Meio Ambiente.

O que diz a OAB sobre a prática 

Segundo a presidente da comissão de Bem Estar Animal, Adriana Alves, há muitos anos a OAB entrou com procedimento administrativo no Ministério Público de Alagoas (MP-AL) solicitando alguns ajustes para Unidade de Vigilância em Zoonoses.

“No ajuste, tem para não fazer morte induzida em animais sadios, nem filhotes. Para a minha surpresa, aconteceu a denúncia deste caso. Um fato atípico. Após o recolhimento do animal, tem via de regra de esperar três dias para aguardar o tutor procurar o animal. Nesse caso não deu nem 24 horas”, disse.

Foto: Arquivo Pessoal

Nota da Unidade de Vigilância em Zoonoses

A Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) esclarece que um dos objetivos de seu trabalho é recolher animais com suspeita de zoonoses, envolvidos em acidentes ou que estão em situação de sofrimento.

A denúncia do caso ocorreu via atendimento WhatsApp (82) 98882-8240 (Disk Denúncia), em que o denunciante relatou que uma pessoa não identificada parou um carro e deixou o animal na praia de Cruz das Almas, o que caracteriza abandono. Além disso, segundo o denunciante, o animal estava aparentemente cego e em idade avançada.

Após a chegada da equipe de resgate foi constatado que o animal encontrava-se desidratado e sem conseguir se levantar. Com o auxílio do Corpo de Bombeiros, o animal foi alocado no carro de UVZ.

O animal estava idoso, com sobrepeso, desidratado, olhos lesionados, sem estímulo visual e com lesões cutâneas, o que caracterizou o animal em situação de sofrimento e sem condições de tratamento.

Nestes casos, a medida adotada para abreviar o sofrimento do animal é o procedimento da morte induzida, feita após toda a avaliação clínica necessária.

Fonte: G1

    Você viu?

    Ir para o topo