O dono da charrete em que um cavalo morreu durante o transporte de turistas no fim de semana em São Lourenço (MG) pode perder o direito de conduzir esse tipo de veículo na cidade. Segundo o diretor de fiscalização e regulação urbana, Paulo Fernando Dias, uma sindicância foi aberta para apurar o caso.
“O responsável pela morte do animal pode receber uma advertência, uma multa ou até a suspensão da Carteira Municipal de Habilitação (CMH) que é exigida para que ele conduza charretes”, disse Dias.
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Lourenço, existe uma lei municipal que regulamenta o funcionamento das charretes e prevê normas que devem ser respeitadas sobre a saúde dos cavalos. “Será aberta uma sindicância para apurarmos o que aconteceu de fato e vamos acompanhar a investigação feita pela Polícia Civil”, disse o responsável pela assessoria de imprensa do município, Luís Cláudio de Carvalho.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, a inspeção sanitária dos animais é feita regularmente pela Vigilância Sanitária, mas de acordo com a chefe do setor, Maria Emília Mendes, não existe regime de plantão dos veterinários na cidade. Como o caso aconteceu no fim de semana, não foi feita a coleta do material necessário que apontaria as causas da morte do cavalo.
Ainda conforme o diretor de fiscalização e regulação urbana, existem 53 charretes no município e uma vez por ano é feita uma fiscalização para averiguar os cuidados com os cavalos. “Coincidentemente temos uma fiscalização marcada para a próxima semana. Serão vistoriadas 10 charretes por dia e vamos averiguar a maneira como os animais estão sendo tratados e quais as condições das charretes também”, explicou.
Mais passageiros do que o permitido
O caso aconteceu na Avenida Dom Pedro, no Centro da cidade. A causa de morte do cavalo ainda não foi apontada, no entanto, moradores viram quando o cavalo caiu e contaram que ele puxava uma charrete com pelo menos nove turistas.
“Pelo que vi o cavalo transportava mais peso do que poderia suportar”, disse a técnica de segurança do trabalho, Ana Cristina Simões Barbosa.
O tutor do animal disse à PM que o cavalo escorregou no paralelepípedo, caiu e bateu a cabeça no chão. O outro cavalo traçado à charrete acabou caindo por cima. O charreteiro contou ainda que não transportava passageiros no momento. Procurado, o tutor do animal não foi encontrado. A esposa dele disse que o cavalo morreu de infarto. “Ele não estava doente. Ele teve mesmo um infarto”, disse.
A morte do cavalo causou indignação entre moradores e representantes de associações de proteção aos animais do município. Eles agora cobram uma maior fiscalização da atividade dos charreteiros e mais cuidado com os animais.
“O animal não é escravo, ele precisa ser bem tratado”, comentou Luiz Mendes Marques, integrante de um grupo de defesa e proteção animal da cidade.
Segundo a Polícia Militar, nenhum veterinário esteve no local para fazer algum tipo de avaliação. O cavalo foi recolhido e enterrado próximo ao aterro sanitário em um local apropriado. O caso foi encaminhado à Polícia Civil e nenhum laudo que esclareça o que provocou a morte do cavalo foi apresentado.
Por fim, os moradores seguem cobrando que a atividade seja fiscalizada. “Nós sabemos que muitos pais de família dependem dessa atividade, mas queremos regras, afinal, tratam-se de animais, ele precisam ser bem tratados”, pontuou Ana Cristina.
Outro caso
Um caso semelhante envolvendo a morte de um cavalo aconteceu em 2012 em Poços de Caldas (MG). Na época, houve polêmica e o caso foi parar na internet. Moradores da cidade alegaram que o cavalo morreu por exaustão, de tanto trabalhar puxando a charrete.
Dois abaixo assinados foram feitos, um deles pedindo o fim dos passeios de charrete no município e outro pedindo mais fiscalização do serviço.
Fonte: G1
Nota da Redação: Animais não foram feitos para servir aos interesses humanos e explorá-los desta maneira é um crime. Levar um animal à morte por excesso de trabalho é uma atitude brutal e deve ser punida com vigor. A exploração de cavalos para transporte deve ser proibida o quanto antes.