O ministro do Interior da Turquia, Ali Yerlikaya, anunciou a intenção de aplicar integralmente a lei que prevê a remoção de quatro milhões de cães das ruas do país.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Yerlikaya declarou: “Ou eles farão esse trabalho, ou usarei toda a autoridade que a lei me concede ao máximo”.
A lei, aprovada no ano passado, mas até agora implementada apenas parcialmente, exige que os municípios recolham os cães em situação de rua, os levem para abrigos, onde devem ser vacinados, castrados ou esterilizados, e depois disponibilizados para adoção. Porém, no texto diz que cachorros que estejam sofrendo ou com doenças terminais podem ser mortos, o que está sendo usado de pretexto para o extermínio.
ONGs em defesa dos direitos animais denunciam a legislação, chamando-a de “lei do massacre”. Eles temiam que a medida resultasse no extermínio em massa de cães ou no confinamento em abrigos superlotados e precários, o que, infelizmente, já está ocorrendo.
A Federação de Direitos Animais da Turquia (HAYTAP) e outras organizações alertam que a lei leva a práticas cruéis, como o sacrifício de animais sob o pretexto de doenças, em vez de investir em soluções humanitárias, como a castração e a criação de abrigos adequados.
O problema dos cães em situação de rua é resultado da falha em implementar políticas anteriores, que previam a captura, castração e devolução dos animais aos seus locais de origem. Ativistas destacam que a falta de investimento em programas de controle populacional e conscientização pública é a verdadeira raiz do problema.
Manifestações contra a lei têm ocorrido em várias cidades da Turquia e em outros países, com ativistas afirmando que a medida mancha a imagem do país e desencoraja turistas. Além disso, eles lembram que os cães em situação de rua fazem parte da cultura e da vida urbana turca há séculos, em sua maioria coexistindo pacificamente com as pessoas.
A HAYTAP divulgou um vídeo mostrando cães e gatos em situação de rua interagindo de forma harmoniosa com humanos, nas calçadas, lojas e até no metrô. A organização também relembrou um episódio histórico sombrio: em 1910, durante o Império Otomano, dezenas de milhares de cães foram enviados para uma ilha sem recursos, resultando em mortes por fome, canibalismo e afogamento. O trauma foi tão grande que os uivos dos animais famintos ecoavam no continente, assombrando a população.
Ativistas alertam que a nova lei irárepetir erros do passado, matando animais de forma indiscriminada. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram cães e gatos mortos e enterrados em valas e jogados em lixeiras após a aprovação da legislação.
A solução para os animais em situação de rua não está na remoção forçada e assassinato dos animais, mas em políticas públicas que promovam a castração, a educação e a coexistência responsável entre todos.