De acordo com a Associação Brasileira de Veganismo, a prática é definida como uma filosofia e estilo de vida que exclui o sofrimento e exploração animal no consumo cotidiano, na medida do que é possível e praticável. O turismo é uma das áreas em que ocorrem essa aplicação e o mercado apresenta adaptações e crescimento no ramo.
Diferentemente do vegetarianismo — que consiste na retirada de alimentos de origem animal do cardápio, o veganismo dispensa pratos, itens de vestimenta, cosméticos e diversões que incluem esses seres, como zoológicos e aquários, por exemplo.
Turismo vegano
O meio turístico, por ser feito por e para pessoas, modifica-se conforme surgem demandas dos consumidores e transformações sociais, o que inclui o movimento vegano. Uma pesquisa encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) ao Datafolha projeta que 14 milhões de brasileiros são adeptos dessa filosofia.
Romário Loffredo, doutorando em Turismo pela Universidade de São Paulo, e Bruna Conti, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), indicam em um artigo publicado na revista Hospitalidade que dimensões diferentes são ponderadas por turistas veganos, nas quais a mais comum é a gastronômica.
Para Eduardo Silva Sant’Anna, pesquisador de Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a disponibilidade e a qualidade de uma alimentação livre de sofrimento animal impactam diretamente a satisfação do visitante. “Basta um erro de preparo ou uma informação mal comunicada para gerar frustração ou problemas”, explica. Ele cita menus regionais, food trucks temáticos e feiras locais como alguns dos diferenciais para esse público.
“Sustentabilidade, ética e inclusão”
Aspectos éticos, sociais, ambientais e pessoais também são levados em conta por turistas veganos no planejamento de estadias. Sant’Anna menciona a redução do desperdício, o consumo consciente e a rastreabilidade dos insumos como algumas das iniciativas — as quais unem “sustentabilidade, ética e inclusão” — que podem ser adotadas pelos adeptos do estilo de vida citado.
De acordo com o pesquisador, não é obrigatório que os empreendimentos usem o “rótulo vegano” para atender bem a esse público. Algumas práticas, como o treinamento dos funcionários, cardápios claros e consistentes e o oferecimento de experiências em sintonia com esses princípios são opções que podem ser adotadas pelas empresas de turismo.
O ecoturismo, apesar de não ser uma atividade com o veganismo intrínseco, é uma possibilidade que integra natureza, lazer, imersão e aventura, por exemplo.
Fonte: Jornal USP