Um prédio da Avenida Mackenzie, em Campinas (SP), virou no último mês o porto seguro de um tucano-açu. O pássaro passa horas entre sobrevoos e paradas sobre um edifício na Vila Brandina, região leste de Campinas. Não demorou para virar atração. Funcionários do prédio e da loja da marca de veículos Peugeot, que fica ao lado, acompanham as idas e vindas do tucano e já há até quem tenha adotado a ave como mascote.
Em razão de o animal fazer vários pousos em uma mureta no quinto andar, um dos pisos vazios do prédio, algumas pessoas chegaram a imaginar que houvesse um ninho no local, mas o que há são apenas várias sementes que o tucano leva para lá. “Tinha dois tucanos. Eles ficavam na torre de alta tensão. O outro sumiu. Achamos que pudesse estar cuidando do ninho”, disse o motorista Olympio Donizetti Gregatto.
A auxiliar administrativa Silmara Regina Alves, de 33 anos, que até hoje só tinha visto tucanos no zoológico, é uma das mais entusiasmadas com a nova companhia. “Converso com ele. Chamo de bebê. Ele resmunga. Fica olhando. Todo mundo que vem aqui fica observando. Ele gosta. É metido”, disse. Outros profissionais mimam o bicho, oferecendo frutas. “Colocaram pêssegos e maçã para ele no muro e ele comeu”, disse Silmara.
Cada batida de asas do animal é acompanhada de perto. Todos sabem os horários em que o bicho se movimenta mais. “Ele começa cedo. Umas nove da manhã. Depois some e volta lá pelas quinze para cinco, cinco horas. Às vezes, fica o dia todo”, afirmou o encarregado do edifício, Marcos Rodrigues Paulo, de 39 anos.
O fato de a ave usar o prédio como ponto de parada é normal, segundo o biólogo do Parque Ecológico de Americana, Guilherme Guidolin Galassi. “O ambiente dele foi invadido. Ele está se adaptando”, afirmou Galassi. O edifício fica ao lado de uma área de mata onde podem ser avistadas várias espécies de pássaros. “Tem um gavião que pousa na outra loja também”, disse o vendedor Luiz Wanderley de Oliveira Giorgi, de 50 anos.
Comum
Típicos do cerrado, os tucanos são animais relativamente comuns na região de Campinas, apesar da degradação ambiental e da urbanização, segundo Galassi. A ave pesa entre 500 e 600 gramas e vive por volta de 30 anos.
Na família dos tucanos, que tem 40 espécies, o tucano-açu, também chamado de tucano-toco e cujo nome científico é Ramphastos toco, se destaca por ser o maior espécime e o possuidor do bico de maior proporção em relação ao corpo. O órgão responde por 40% dos cerca de 50 centímetros do animal.
Recentemente, um estudo feito por dois pesquisadores brasileiros e um canadense concluiu que o bico do tucano-açu ajuda a manter o calor corporal da ave. A conclusão do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Fisiologia Comparada é que a circulação de sangue do órgão varia de acordo com a temperatura ambiente. Quando está frio, o fluxo diminui no bico e aumenta no corpo. No calor, ocorre o inverso. O estudo foi publicado na edição de julho da revista científica Science.
Fonte: Cosmo On Line