Um tubarão-lixa raro, considerado o primeiro indivíduo totalmente alaranjado já documentado no mundo, foi capturado por pescadores esportivos nas águas do Caribe, próximo ao Parque Nacional Tortuguero, na Costa Rica. O tubarão, que possui duas condições genéticas raras, o xantismo e o albinismo, foi retirado de seu habitat natural a 37 metros de profundidade, manipulado e fotografado antes de ser devolvido ao mar.
A descoberta, publicada na revista Marine Biodiversity, foi celebrada pela comunidade científica, mas só foi feita graças a uma atitude desrespeitosa com o animal por parte dos humanos. O tubarão, um Ginglymostoma cirratum de aproximadamente dois metros, apresentava uma rara pigmentação amarelo-alaranjada intensa e olhos brancos, resultado de uma combinação genética extremamente incomum.
Segundo a pesquisa, a pigmentação amarelo-alaranjada intensa e os olhos brancos indicam uma condição genética raríssima, o albino-xantocromismo, que combina a falta de melanina (albinismo) ao aumento de pigmentos amarelos (xantismo). É a primeira vez que o xantismo é confirmado em tubarões-lixa.
Apesar da importância científica, a situação mostra o constante impacto das práticas humanas, inclusive a pesca chamada “esportiva”, que se apoia na lógica de captura e exibição de seres vivos como conquistas pessoais. Esse tubarão pertence ao mar, à vida selvagem, ao seu próprio destino, não a um anzol ou a um clique de fotografia.
A pesca esportiva, mesmo quando alega praticar o ‘pesque e solte’, causa sofrimento aos animais, como inflamações e sangramentos graves. Muitos não sobrevivem após serem devolvidos ao mar, e outros sofrem traumas físicos e psicológicos. Esse tubarão-lixa, com suas características únicas, deveria ser estudado por meio de observação não invasiva, não como um objeto de exibição.
Precisamos repensar nossa relação com a vida selvagem. Cada animal tem o direito intrínseco de viver em liberdade, sem ser perturbado para satisfazer nossa curiosidade ou nossa necessidade de entretenimento.