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ADAPTAÇÃO

Tubarão que muda de cor? Descoberta sobre animal impressiona cientistas

1 de agosto de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Alessandro De Maddalena/Getty Images/iStockphoto

Pesquisadores de Hong Kong descobriram que o azul vibrante dos tubarões azuis (Prionace glauca) vai muito além da estética.

A coloração, considerada rara no reino animal, é gerada por estruturas microscópicas na pele e pode mudar de acordo com o ambiente. “O azul é uma das cores mais raras no reino animal, e os bichos desenvolveram estratégias evolutivas únicas para produzi-lo, o que torna esses processos especialmente fascinantes”, explica Viktoriia Kamska, pesquisadora de pós-doutorado na City University de Hong Kong.

Cor azul é produzida por dentículos dérmicos, escamas parecidas com dentes. Esses dentículos contêm cristais de guanina responsáveis por refletir a luz azul, além de melanossomos, que absorvem outras cores.

“Esses componentes estão separados em células diferentes, como se fossem sacos com espelhos e sacos com absorventes escuros, mas posicionados juntos para trabalharem em conjunto.” – Viktoriia Kamska, em comunicado.

Descoberta anatômica foi possível graças a uma combinação de técnicas avançadas de imagem. Foram usadas a dissecção em microescala, microscopia óptica, microscopia eletrônica, espectroscopia, utilizadas para entender a forma, a função e a arquitetura dessas nanoestruturas, diz o comunicado.

Dentículos dérmicos de tubarão-azul. Foto: Viktoriia Kamska

O que mais impressionou os pesquisadores foi a possibilidade de mudança de cor. A combinação entre o pigmento melanina e estruturas organizadas, como placas de guanina com espessura e espaçamento específicos, gera uma coloração intensa e estável.

Pequenas variações no espaçamento entre os cristais podem alterar o tom da pele do tubarão. Segundo os cientistas, espaços mais apertados resultam em azul, enquanto distâncias maiores mudam para verde ou dourado.

“Quando você combina esses materiais, cria também uma poderosa capacidade de produzir e mudar a cor. O mais interessante é que conseguimos observar pequenas alterações nas células que contêm os cristais e modelar como isso influencia a coloração do animal como um todo.” – Mason Dean, também responsável pelo estudo.

A pesquisa indica que fatores como a pressão da água ou a umidade podem influenciar essas mudanças. Ou seja, à medida que o tubarão mergulha mais fundo, a cor da pele pode escurecer, ajudando na camuflagem.

“Alterações muito sutis, provocadas por algo tão simples quanto variações de umidade ou pressão da água, podem modificar a cor corporal e, com isso, influenciar como o animal se camufla em seu habitat natural. O próximo passo é ver como esse mecanismo funciona em tubarões no ambiente natural.” – Mason Dean e Viktoriia Kamska.

O estudo, apresentado na Conferência Anual da Society for Experimental Biology, na Bélgica, também abre portas para a engenharia bioinspirada. A estrutura da pele dos tubarões pode inspirar tecnologias sustentáveis na indústria da manufatura. “Uma grande vantagem da coloração estrutural sobre a química é que ela reduz a toxicidade dos materiais e a poluição ambiental”, apontou Kamska.

Além disso, os dentículos dos tubarões oferecem benefícios hidrodinâmicos e evitam o acúmulo de organismos na pele. Agora, descobriu-se que eles também ajudam na produção de cor. “Uma superfície marinha com design otimizado para velocidade e camuflagem óptica, até onde sabemos, nunca foi vista antes”, revelou Dean.

“Com o avanço das ferramentas de nanofabricação, temos um novo campo para explorar como a estrutura gera novas funções. Sabemos bastante sobre como os peixes ósseos produzem cor, mas tubarões e raias se separaram deles há centenas de milhões de anos. Isso significa que este é um caminho evolutivo totalmente distinto para a geração de cor.” – Mason Dean.

Fonte: UOL

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