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Tubarão-baleia procura cada vez mais o mar dos Açores

15 de agosto de 2014
3 min. de leitura
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O tubarão-baleia (Rhincodon typus) é cada vez mais avistado no arquipélago dos Açores, o que pode dever-se às alterações climáticas e ao aumento da temperatura no Atlântico Norte Central, segundo um estudo de investigadores da universidade açoriana.

“Aquilo que despertou a nossa curiosidade foi o facto de em 2008 ter havido uma ocorrência absolutamente excecional do número de tubarões-baleia e esse ano foi um ano excecionalmente quente na temperatura da água da região durante o pico do verão. Achámos de facto que havia uma associação clara entre as temperaturas mais quentes do ano e a ocorrência do tubarão-baleia”, explicou Pedro Afonso, que lidera o estudo.

A investigação incidiu na análise de dados recolhidos por observadores a bordo de embarcações atuneiras na região, durante a safra de pesca ao atum, ao longo dos últimos dezasseis anos, e foi publicado recentemente na revista científica Plos One.

Segundo Pedro Afonso, esta espécie migratória habita normalmente em águas tropicais. Num cenário de alterações climáticas, poderá escolher cada vez mais os mares dos Açores como habitat.

“Na eventualidade de possíveis cenários de aquecimento global, nomeadamente de aquecimento das águas na nossa região, é possível que a probabilidade de avistamento desses animais aumente”, disse.

O investigador defende que se deve continuar a estudar o fenómeno para se obter “conclusões mais robustas” ou para responder a outras questões, como, por exemplo, o facto de “os Açores serem uma das poucas regiões do mundo onde só há agregação de indivíduos [tubarão-baleia] sexualmente maturos”.

“Estes dados são apenas de avistamento, portanto este trabalho deve ser complementado com outros trabalhos, aliás, que já estamos a fazer há três anos em colaboração com colegas dos Estados Unidos, com marcações de satélite para saber para onde os animais vão quando deixam a região”, disse Pedro Afonso.

O investigador lembrou que, a verificar-se cada vez maior presença do tubarão-baleia, usualmente conhecido nos Açores como pintado, a região tem uma maior responsabilidade no que toca à preservação da espécie.

“Lança algum enfâse num eventual aumento da importância da região dos Açores como habitat temporário, ou seja, durante parte do ano, para estes animais. A região tem de estar preparada para responder a essa responsabilidade que é de ter um habitat importante para um animal internacionalmente protegido”, salientou.

O tubarão-baleia é o maior peixe do mundo, tem entre oito a dez metros e pode pesar mais de 13 toneladas. Mergulha a grandes profundidades, podendo chegar aos 1.900 metros, mas é inofensivo para o homem, alimentando-se de pequenos peixes e de plâncton.

Nesta altura do ano pode aproximar-se da costa da ilha de Santa Maria, onde a temperatura da água é superior, representando, na ótica do investigador, um contributo para o turismo na Região Autónoma dos Açores.

“Começa a haver um certo turismo de mergulho dirigido aos tubarões-baleia. Ao fim e ao cabo, é o único sítio da Europa onde se podem ver ocasionalmente tubarões-baleia e isso é uma experiência que atrai muita gente – poder nadar livremente com um animal daquela dimensão e com aquela beleza – e haverá muita gente disposta a pagar muito dinheiro para o fazer”, referiu Pedro Afonso.

*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.

Fonte: Porto Canal

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