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Tu não verás, Marília

29 de julho de 2009
1 min. de leitura
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Este artigo propõe, em linguagem literária, uma variação em torno da Lira III da “Marília de Dirceu”, obra composta por Tomás Antônio Gonzaga em fins do século XVIII.  Sem qualquer pretensão, evidentemente, de alcançar a magnitude dos versos decassílabos do nosso grande poeta árcade, o presente texto é apenas uma licença poética em homenagem ao amor e ao sonho dos que acreditam em tempos melhores.

“TU NÃO VERÁS, MARÍLIA”

Tu não verás, Marília, o triste lamento
da floresta devastada, nem a terra
corrompida pelos homens, porque no teu peito
um rio de águas límpidas ainda impera.

Não verás despencadas as árvores
com seus ramos e cores verdejantes.
Porque no coração, Marília, trazes o sol,
irmão da lua que sorri em teu semblante.

Não mais verás os céus assim enevoados
pela fumaça que se espalha de repente.
Os dias do futuro serão outros dias, Marília,
dias e noites sem passado nem presente.

Verás renascer a vida, vida revivida
em pequenos gestos e cores e sons.
Vida que floresce, na mágica sabedoria
de uma deusa que não perde os seus dons.

Verás, Marília, aves soltas pelos ares,
bichos da floresta, peixes e outros tantos animais.
Livres como um dia tu sonhares,
bem no fundo dos teus loucos ideais.

E se porventura acordares desse sonho,
fecha os olhos, Marília, somente mais uma vez.
Que então um mundo novo ressurgirá em ti
um mundo bem mais belo e menos triste talvez…   

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