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DESCASO

Trump aprova estrada mineradora de 340 km que colocará animais em risco em região de floresta no Alasca (EUA)

Projeto Estrada Ambler, aprovado no primeiro mandato de Trump mas bloqueado por Biden, prejudicaria tribos nativas e vida selvagem.

7 de outubro de 2025
Associated Press
4 min. de leitura
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Foto: bAnnika Hammerschlag/AP

Donald Trump ordenou ontem (06/10) a aprovação de uma proposta para uma estrada de 340 km através de uma área selvagem do Alasca, para permitir a mineração de cobre, cobalto, ouro e outros minerais.

O há muito debatido projeto da Estrada Ambler foi aprovado no primeiro mandato do presidente dos EUA, mas foi posteriormente bloqueado pelo governo Biden após uma análise determinar que o projeto ameaçaria a renas e outra vida selvagem e prejudicaria tribos indígenas do Alasca que dependem da caça e da pesca.

Num desdobramento relacionado, a Casa Branca anunciou que está adquirindo uma participação acionária de 10% na Trilogy Metals, uma empresa canadense que busca desenvolver o local de Ambler junto com um parceiro australiano.

A estrada de cascalho e o projeto de mineração, ao norte de Fairbanks, no Alasca, “é algo que já deveria estar em operação há muito tempo, gerando bilhões de dólares para nosso país e fornecendo muita energia e minerais”, disse Trump em uma cerimônia no Salão Oval. O ex-presidente Joe Biden “desfez isso e desperdiçou muito tempo, muito dinheiro e muito esforço. E agora estamos recomeçando. E desta vez temos muito tempo para concluir”, acrescentou Trump.

O secretário do Interior, Doug Burgum, disse que a aprovação da Estrada Ambler desbloqueará o acesso a cobre, cobalto e outros minerais críticos “de que precisamos para vencer a corrida armamentista da IA contra a China”.

Defensores, incluindo a delegação congressional do Alasca, disseram que a estrada é necessária para alcançar um grande depósito de cobre avaliado em mais de US$ 7 bilhões. O cobre é usado na produção de carros, eletrônicos e até mesmo em tecnologias de energia renovável, como turbinas eólicas.

Opositores, incluindo um consórcio de 40 tribos reconhecidas federalmente, preocupam-se que o desenvolvimento permitido pela estrada colocaria em risco a subsistência, pois as terras incluem habitat importante para o salmão e a rena.

Karmen Monigold, membro Inupiaq do “Protect the Kobuk”, um grupo de defesa do Ártico noroeste contrário à estrada de acesso, disse que chorou quando soube das ações de Trump. “E então me lembrei de quem somos, e de quem é o nosso povo e o quanto já superamos”, disse ela na segunda-feira em uma entrevista por telefone. “Eles tentaram nos assimilar, nos eliminar, e ainda assim estamos aqui. Nós ainda importamos.”

Monigold disse que espera que grupos nativos do Alasca entrem com ações judiciais, como fizeram antes, para paralisar o projeto.

A estrada de cascalho de duas pistas inclui cerca de 42 km que cortariam o Parque Nacional e Preserva Gates of the Arctic. A estrada também cruzaria 11 rios e milhares de córregos antes de chegar ao local da futura mina.

A Câmara dos Representantes, controlada pelos Republicanos, aprovou um projeto de lei no mês passado que abriria caminho para Trump expandir a mineração e a perfuração em terras públicas no Alasca e em outros estados. A votação, majoritariamente dividida por partidos, revogaria os planos de gestão de terras adotados nos dias finais do governo Biden que restringiam o desenvolvimento em grandes áreas do Alasca, Montana e Dakota do Norte.

O objetivo de Biden era, em parte, reduzir as emissões que aquecem o clima provenientes da queima de combustíveis fósseis extraídos de terras federais. Sob Trump, os republicanos estão deixando de lado essas preocupações ao abrir mais terras de propriedade dos contribuintes para o desenvolvimento, na esperança de criar mais empregos e receitas e impulsionar combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural. O governo também pressionou pelo desenvolvimento de minerais críticos, incluindo cobre, cobalto, ouro e zinco.

Enquanto Trump frequentemente diz “perfure, baby, perfure”, ele também apoia “mine, baby, mine” (jogo de palavras em inglês com “minere, baby, minere”), disse Burgum. “Temos que voltar para o negócio da mineração.”

O governo dos EUA disse na semana passada que está adquirindo uma participação minoritária na Lithium Americas, outra empresa canadense que está desenvolvendo uma das maiores minas de lítio do mundo em Nevada. O Departamento de Energia terá uma participação de 5% na empresa e 5% no projeto de mineração de lítio Thacker Pass, uma joint venture com a General Motors.

A Ambler Metals, uma joint venture entre a Trilogy Metals e a australiana South32, agradeceu a Trump por dar partida no projeto Ambler.

“Esta estrada ajudará a garantir os minerais críticos de que nosso país precisa para a competitividade econômica e a defesa nacional, além de proporcionar benefícios significativos aqui mesmo”, disse o diretor-gerente Kaleb Froehlich.

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