A mudança climática está alterando rapidamente nosso meio ambiente — e representando grandes desafios para muitas espécies animais. Se elas podem se adaptar depende amplamente de sua diversidade genética. Um estudo internacional com a participação de pesquisadores do Instituto Leibniz de Análise da Mudança da Biodiversidade (LIB) mostra agora quão estreitamente a diversidade genética e a capacidade de adaptação estão ligadas. O trabalho foi publicado na revista Science e foi realizado sob a liderança do Instituto Ornitológico Suíço.
A equipe de pesquisa investigou o desenvolvimento evolutivo da coloração da plumagem em chascos (género Oenanthe). Suas descobertas mostraram que espécies intimamente relacionadas foram capazes de se adaptar rapidamente a novas condições ambientais por meio da troca de material genético responsável pela cor da plumagem.
Cores contam histórias evolutivas
Mudanças em um único gene — conhecido como proteína sinalizadora agouti (ASIP) — levaram à plumagem branca na garganta e nas costas do chasco-de-cabeça-cinzenta (Oenanthe melanoleuca). As mutações subjacentes surgiram durante o curso natural da evolução e foram identificadas por meio de comparações genômicas abrangentes e análises genéticas populacionais.
Essas variantes genéticas foram então transmitidas ao chasco-ruivo (Oenanthe hispanica) por meio de cruzamento. Em ambas as espécies, a coloração branca nas costas acabou substituindo o preto original. Hoje, as gargantas exibem ambas as cores — preto e branco — o que está relacionado aos diferentes nichos alimentares dos animais.
“Nossos resultados demonstram de forma impressionante que as inovações evolutivas são frequentemente o resultado de um mosaico genético”, diz o Prof. Alexander Suh, chefe do Centro de Pesquisa em Biodiversidade Molecular e da Seção de Biodiversidade Molecular do LIB. “A troca de informações genéticas além dos limites das espécies dá origem a novas combinações de módulos genéticos — um processo que pode ajudar as espécies a se adaptarem rapidamente a novas condições ambientais.”
Enquanto a rápida troca genética entre espécies intimamente relacionadas permite adaptações de curto prazo, o surgimento de variantes genéticas totalmente novas foi crucial para a evolução de longo prazo da coloração da plumagem em rolieiros (espécies do gênero Monticola, distantemente relacionados). Os pesquisadores, portanto, enfatizam a importância de preservar a diversidade genética tanto dentro quanto entre as espécies, a fim de garantir a capacidade de adaptação da natureza face às mudanças climáticas.
Traduzido de Phys.org.