Segundo um levantamento divulgado este mês, pela Aquatic Life Institute, instituto responsável por fundar estudos sobre a vida aquática e novas maneiras de criar mudanças positivas, especialmente aquelas que impactam o sofrimento de peixes em cativeiro e in natura, revelou que até três trilhões de animais marítimos são capturados da natureza por ano. Além disso, cerca de 100 bilhões são criados em cativeiro para consumo, anualmente.
Hoje, cerca de 93,8% das populações de peixes são pescadas muito além de um limite considerado sustentável, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Isso significa que apenas 6,2% são consideradas “subexploradas”, afirma o Vegazeta.
E muitos dos peixes capturados na natureza, em média de um terço à metade deles, são usados como ração para outros peixes em cativeiro. Um exemplo é o salmão, que consome até 120 anchovas para chegar ao peso desejado para comercialização.
Tamanha demanda por esses animais acabam afetando ecossistemas aquáticos e o meio ambiente como um todo, já que geralmente, os efeitos negativos se espalham em forma de cascata, com uma espécie afetando a outra através de mudanças de territórios e cadeias alimentícias. Um estudo divulgado pela revista NewScientist revelou que, atualmente, em consequência do impacto humano no meio ambiente, os peixes carregam 283 vezes mais parasitas do que em 1980.
Sofrimento oculto
Apesar de um aumento significativo na conscientização da senciência de outros animais terrestres, como vacas, galinhas e porcos, os seres marinhos acabam ficando de fora de vários movimentos que buscam fortalecer os direitos animais e acabar com seu consumo.
“Amplas evidências mostram que muitos animais aquáticos comumente capturados e criados têm a capacidade de sentir dor e sofrer exatamente como os animais terrestres. Acreditamos que uma ação urgente é necessária para mudar a forma como pensamos sobre eles e começar a levar em consideração o seu bem-estar”, diz o Aquatic Life Institute.
Em um estudo intitulado “Fish experience pain with ‘striking similarity’ to mammals” (Peixes sentem dor com ‘semelhança impressionante’ aos mamíferos, em tradução livre), da pesquisadora Lynne Sneddon, do Instituto de Biologia Integrativa da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, aponta que os peixes hiperventilam e deixam de se alimentar quando estão sofrendo.