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ESTUDO BRASILEIRO

Tratamento inédito com proteína da placenta devolve mobilidade a cães com lesão na medula

Cachorros que haviam perdido os movimentos devido a acidentes ou doenças voltaram a andar após receber a aplicação da polilaminina, resultado que abre novas perspectivas para a medicina veterinária.

10 de setembro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Uma descoberta brasileira que começou há mais de 25 anos nos laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem mudado a vida de animais e pessoas com lesão medular. No estudo liderado pela pesquisadora brasileira Tatiana Sampaio, cientistas desenvolveram um tratamento experimental com base na polilaminina, uma proteína recriada em laboratório a partir da placenta, que já devolveu parte da mobilidade a cães antes condenados à paralisia.

Em 2021, seis cães com lesões antigas na medula espinhal receberam o medicamento durante uma fase de testes clínicos conduzida por uma farmacêutica nacional. Quatro deles voltaram a se movimentar.

A polilaminina atua estimulando a reconexão entre neurônios que perderam a comunicação após a lesão. Em animais, isso significou abrir um novo caminho para que os impulsos elétricos voltassem a circular, permitindo movimentos que até então pareciam impossíveis. Casos de cães que voltaram a andar ou a movimentar membros, após anos de imobilidade, deram força e visibilidade ao estudo.

O avanço representa esperança para inúmeros tutores que convivem com animais domésticos que sofreram acidentes ou desenvolveram problemas neurológicos graves. Em clínicas veterinárias, situações de paraplegia canina por atropelamentos ou doenças como a hérnia de disco são comuns, e muitas vezes levam ao abandono ou à morte por falta de opções de tratamento. A nova perspectiva abre caminho para alternativas mais humanas e eficazes.

“Isso é uma coisa inédita. Porque nenhum estudo tinha demonstrado isso até o momento. No mundo. Se a gente buscar hoje, a gente não vai encontrar nenhum estudo no mundo com medicação atuando em regeneração medular que conseguiu isso”, afirma o neurocirurgião de coluna Marco Aurélio Brás de Lima.

O tratamento, porém, ainda depende de novos testes clínicos em humanos para que possa ser autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo assim, a aplicação bem-sucedida em cães reforça o potencial do medicamento e mostra como a ciência pode beneficiar diferentes espécies.

Enquanto aguarda a autorização para avançar nas próximas etapas, a equipe da UFRJ segue alimentando a esperança de devolver a autonomia e a qualidade de vida para quem perdeu os movimentos dos membros inferiores e superiores, sejam pessoas ou animais.

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