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Transfusão de sangue é tratamento indicado para diversos tipos de doenças

24 de junho de 2011
4 min. de leitura
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PlaneTVet
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A transfusão sanguínea é uma importante ferramenta terapêutica para o clínico de pequenos animais, no entanto na rotina das clínicas e hospitais veterinários a hemoterapia ainda é pouco tecnificada. Poucos estabelecimentos se especializaram em transfusão sanguínea animal, é o caso do laboratório VetPat, que possui um programa de coleta de sangue e processamento de seus hemocomponentes (concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado).

A transfusão de hemocomponentes é de extrema importância, uma vez que nem sempre o sangue total é a terapia mais indicada. Acompanhe a seguir a entrevista realizada com a médica veterinária Camila Ruiz, responsável pelo banco de sangue do laboratório VetPat:

PlaneTVet – Em quais casos é recomendada a transfusão sanguínea?
Camila Ruiz – Assim como ocorre em humanos, os animais em muitas ocasiões necessitam de uma transfusão sanguínea. Isso pode acontecer em casos de doenças infecciosas como a erlichiose e babesiose que são transmitidas por carrapatos e podem levar a hemorragias e anemia profunda, além de neoplasias e traumas. A terapia transfusional também é utilizada durante cirurgias com alto risco de hemorragias. Infelizmente, ainda nos dias de hoje, muitos cães vem a óbito devido a dificuldade de conseguirem uma transfusão pela falta de cães doadores.

PV – Qual o perfil do cão doador?
CR – O doador canino ideal deve ter idade entre 1 a 8 anos, pesar acima de 28 kg, ter temperamento dócil, ser vermifugado e vacinado anualmente. O animal não deve estar sob qualquer tratamento, não deve ter histórico de doença grave, não deve ter recebido transfusão sanguínea e, no caso de fêmeas, não pode estar prenhe.

PV – Quantos mililitros de sangue um cão pode doar?
CR – O volume sanguíneo estimado que pode ser coletado de um cão doador varia de 16 a 18 mL/kg. Por exemplo, um cão de 28kg pode doar até 450mL de sangue. Na maioria dos bancos de sangue veterinários, adota-se o intervalo de 2 a 3 meses entre as doações.

PV – Assim como nos humanos existem grupos sanguíneos entre os cães? Como isso pode interferir na transfusão?
CR – Os cães também possuem grupos sanguíneos, mas são bem diferentes dos de humanos. Os tipos sanguíneos da espécie canina são designados pela sigla DEA (Dog Erythrocyte Antigen) e existem seis tipos principais: DEA 1.1, DEA 1.2, DEA 3, DEA 4, DEA 5, DEA 7. Parecem ser muitos tipos sanguineos, mas não é só isso, um cão pode apresentar mais de um tipo. Por exemplo, um cão pode ser DEA 1.1 e DEA 3 e outro cão pode ser DEA 2, DEA 4 e DEA 5. Atualmente, são mais de 18 grupos sanguíneos descritos em cães. Essa diferença entre tipos sanguíneos pode levar a reações transfusionais de leves a graves, e em muitos casos pode causar a morte do paciente. Para prevenir estas reações, devemos sempre realizar os Testes de Compatibilidade Sanguínea ou até a Tipagem Sanguínea.

PV – Qual a importância do tutor, de um cão que se encaixe neste perfil, em doar o sangue de seu animal? Existe algum benefício?
CR – O tutor é de fundamental importância, pois cabe a ele decidir se o seu cão vai ou não doar sangue, e mais do que isso, ele é o primeiro a avaliar se o seu companheiro está saudável e cumpre todas as exigências para poder doar sangue. Neste aspecto, dependemos da colaboração dos proprietários de cães doadores para poder ajudar os proprietários de cães que precisam de transfusão. A vantagem de ser doador é que além de ajudar outros cães, o doador passa por um Check Up completo incluindo exames laboratoriais, como hemograma completo e avaliação dos principais perfis bioquímicos, além de testes específicos para detecção de doenças como Erliquiose canina, Babesiose e Brucelose.

PV – Este tipo de serviço existe para o paciente felino? Em que ele difere no serviço prestado aos cães?
CR – Os gatos também podem doar sangue assim como os cães. Os doadores felinos devem ter de 2 a 5 anos de idade, pesar de 5 a 7kg, porém o animal não deve ser obeso. O volume sanguíneo estimado que pode ser coletado de um gato doador varia de 11 a 15 mL/kg a cada 21 dias. Antes da doação os felinos também fazem uma série de exames, que incluem o diagnóstico de doenças como FIV e FELV. Porem a doação de sangue em felinos é mais complicada que a de cães, pois na maioria das vezes eles não aceitam a manipulação e contenção durante a coleta do sangue e precisam ser sedados utilizando tranquilizantes, que podem oferecer riscos. Outra dificuldade é a falta de materiais adaptados para gatos o que limita a utilização do sangue, que não pode ser armazenado e deve ser transfundido em no máximo 24 horas. O laboratório VetPat localizado no município de Campinas-SP, possui um programa de cães doadores chamado Cães Salva Vidas, neste programa os cães recebem um Check UP periódico com exames clínicos e laboratoriais sem custo, além disso o proprietário pode contar com a satisfação de ajudar outros animais que precisem de uma transfusão.

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