Depois do rasto de destruição causado pelas cheias em Valência, Espanha, no final do mês de outubro, centenas de animais ficaram sem abrigo. Agora, mais de duas semanas depois do desastre, já foram acolhidos 250 animais, mas 300 continuam à procura de uma casa.
Os números são avançados pelo jornal El Espanõl, que noticiou o colapso do abrigo para animais Modepran, da cidade valenciana de Carlet. Os muros e vedações do abrigo ficaram destruídos devido à força da água. Alguns animais escaparam, e os que ficaram presos tiveram de ser realojados para que a sua segurança não fosse comprometida. A maior parte deles foi transportada para as instalações municipais de Benimámet, bem como para o estádio do Sporting de Benimaclet, ambos municípios em Valência.
O jornal cita um responsável da instituição, que confessa que não imaginavam que a destruição do abrigo fosse uma realidade possível. “Há duas semanas ninguém imaginava que um tornado iria destruir uma boa parte do abrigo, isso simplesmente não era possível”, explica a fonte do abrigo Modepran.
Nas horas após a tempestade, Modepran contou mais de 300 animais que precisavam de um lar temporário urgentemente. O abrigo recorreu às redes sociais para pedir às pessoas que acolhessem os animais em casa, onde explicaram que os funcionários trabalhavam 15 horas por dia para tentar conter os danos e proteger os animais. “Vamos precisar de muitos de vocês, que tenham espaço em casa, para acolherem um animal. Eles estão a viver num pântano há 24 horas”, escreveram no Facebook. “Passar de uma caixa inundada com o céu a cair para um sofá quentinho é algo incrível para eles”, acrescentaram.
Se é verdade que não teriam acreditado na destruição do abrigo, tão pouco teriam adivinhado que tantas pessoas lhes estenderiam a mão num momento de desespero. “Também não teríamos acreditado que teríamos a ajuda de tantas pessoas maravilhosas, que teríamos tantos acolhimentos e adoções e tantas doações. É incrível e será difícil sairmos disto, mas vamos fazê-lo juntos”, declarou a instituição.
E muitos foram adotados
Depois do pedido de ajuda da associação, várias pessoas formaram fila em frente ao complexo municipal de Benimámet, à espera de acolher um cão ou um gato. Alguns acabaram por decidir adotar os animais que conheceram.
Marina Muñoz e Cristina Gimeno, mãe e filha, residentes em Silla, um município próximo da área devastada, deslocaram-se até Benimámet para “adotar um cachorrinho”, conta o El Español. “Já estávamos a pensar fazer isto há algum tempo, e o clique de dizer “é agora” veio quando Carlet ficou inundado”, cita o jornal.
Também Júlia e Mar, colegas de quarto de Benimaclet, em Valência, decidiram voluntariar-se para acolher animais do abrigo. Acabaram por apaixonar-se por Boira, um cão de 4 anos, e decidiram adotá-lo. “O conhecemos, passeámos com ele e foi ótimo. O cão é fantástico. Além disso, deram-nos medicação e uma cama para ele, graças a todas as doações que receberam”, contam ao site.
O casal Nerea e Adrián foram a Benimámet para entregar doações. Apesar da vontade de adotar um animal, revelam que o seu animal doméstico morreu recentemente, e que sentem que levar um para casa seria “encobrir uma ferida”.
Um dos voluntários esclarece a exigência de Modepran sobre conhecer as famílias que acolhem ou adotam os animais. “É fundamental saber onde vão residir temporária ou permanentemente”, afirma.
Apesar de vários acolhimentos e adoções bem sucedidas, muitos animais precisam ainda de uma casa. Modrepan continua a lutar-se “com total empenhamento” para conseguir que todos eles encontrem uma casa”. O abrigo expressou a sua tristeza face à consciência de que a maior parte dos animais acolhidos não encontrarão uma família definitiva. “A maioria deles vai voltar”, lamentam. Ainda assim, a instituição celebra a “solidariedade dos pedreiros, profissionais e voluntários”, que estão “a reconstruir o abrigo de Carlet, com toda a rapidez possível”.
Todas as ajudas contam
O Bioparc de Valencia, um parque natural com animais, colaborou com o Hospital Cliníco Veterinário CEU-Cardenal Herrera para organizar uma operação especial para agilizar o processo de doações, que poderão ser feitas “de forma coordenada e sem que as pessoas tenham que se deslocar”. O hospital acolheu cães, gatos e exóticos nas suas instalações, e estabeleceu-se enquanto ponto de colheita de alimentos, produtos e acessórios para entregar aos abrigos afetados pela tempestade. Para além disso, prestou cuidados veterinários aos animais afetados.
Fonte: Pets in Town