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INVESTIGAÇÃO

Tráfico de cães nascidos em Portugal opera há décadas, dizem ativistas

6 de maio de 2025
Mariana Melo
2 min. de leitura
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Foto: Pets in Town

 

Já faz dois anos que a Guarda Nacional Republicana (GNR) investiga vários casos de tráfico de cães, que saem de Portugal com destino a outros países da Europa, sem que se saiba exatamente para onde vão. No dia 24 de abril, nove pessoas e três ONGs foram apontadas como suspeitas desses crimes.

A informação foi divulgada pela própria GNR, que na última quinta-feira, 1º de maio, explicou em nota oficial que “foi possível apurar que os suspeitos atuavam na coleta, cuidados e exportação de animais para o exterior”. A operação aconteceu nos estados (distritos) de Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Guarda, Santarém, Lisboa e Setúbal, e resultou na apreensão de documentos, equipamentos de informática e 5.111,20 euros.

Apesar de a investigação durar apenas dois anos, Ana Pinto da Costa, responsável pela ONG Comraça, afirma que esse tipo de prática “acontece há décadas”. Ela acrescenta que se trata de algo “amplamente conhecido entre os defensores da causa animal, mas que vem sendo escondido do público”.

A investigação da GNR teve início após uma reportagem exibida pela emissora TVI, que em janeiro de 2023 investigou o fenômeno. A ONG de Matosinhos participou da produção, que também motivou sua fundação. “Queríamos entender exatamente o que estava acontecendo. Reunimos algumas provas e entregamos ao SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e dos Animais), para que investigassem”, conta Ana.

Os cães vêm sendo solicitados por essas organizações suspeitas aos centros municipais de acolhimento, e são traficados principalmente para a Dinamarca, Holanda e Alemanha, sem que se saiba com clareza o que acontece com eles ou em que condições são enviados. “Dizem que é para adoção nesses países, onde as empresas que os recebem alegam que não há animais disponíveis para adoção”.

“As remessas não são transparentes. Às vezes mostram fotos de quatro ou cinco cães que aparentemente estão bem, mas sabemos que enviam pelo menos 40 ou 50 de uma vez”, acrescenta a presidente.

Essas ONGs “alegam que não há adoções em Portugal e que, por isso, são obrigadas a enviar os animais para outros países, onde possam ser adotados”. No entanto, a investigação em andamento há dois anos mostra que esses grupos não promovem adoções nem divulgam os animais que abrigam em plataformas portuguesas, fazendo isso apenas em sites estrangeiros.

Ana também explica que o fenômeno está ligado ao lucro obtido pelos responsáveis por essas organizações portuguesas, já que “eles cobram uma taxa de adoção que varia de 300 a 700 euros por animal. Alegam que é para cobrir vacinas e outros custos veterinários e de transporte, quando, na verdade, esses custos já foram pagos com dinheiro público”.

Fonte: Pets in Town

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