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Traficantes de animais silvestres buscam partes de leões, onças e leopardos como substitutos para tigres

15 de julho de 2020
5 min. de leitura
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Partes dos corpos de leões, onças e de leopardo estão sendo cada vez mais procuradas por traficantes como substitutas dos produtos de tigres, de acordo com um grande relatório da ONU, por outro lado, a demanda por marfim e chifre de rinoceronte tem mostrado sinais de uma queda sustentada.

O tráfico de animais silvestres continua representando uma grande ameaça à natureza, à biodiversidade global e à saúde humana, alertou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), após analisar as tendências do comércio ilegal multibilionário de animais selvagens.

O aumento dos padrões de vida na Ásia continua impulsionando a demanda por produtos ilegais de plantas e animais silvestres, com grupos criminosos, cada vez mais, utilizando plataformas de mídia social para vender bens ilícitos, informou o segundo o relatório World Wildlife Crime Report, que representa a análise mais abrangente disponível das tendências criminais neste setor.

O relatório descobriu que a queda das populações de pangolim na Ásia fez da África Ocidental e Central o centro do comércio ilícito para o animal mais traficado do planeta. Suas escamas são comumente usadas na medicina tradicional na China e no Vietnã. O comércio de pangolins aumentou dez vezes entre 2014 e 2018, segundo análise de mercado.

O relatório encontrou sinais de um “declínio acentuado” nos mercados de marfim e chifre de rinoceronte, registrando quedas no preço pago aos caçadores na África. Devido a várias apreensões grandes de presas e chifres em 2019, dados preliminares indicam que será um ano recorde, refletindo o aumento das restrições internas ao comércio destes itens em partes da África e Ásia.

O UNODC disse que os controles precários sanitários e de higiene nos mercados ilegais significam que o tráfico de animais selvagens representava um risco global para a saúde humana, sendo que as doenças zoonóticas equivalem a até três quartos de todas as novas doenças, incluindo o surto de Covid-19.

A análise de dados de apreensões em 149 países e territórios nas últimas duas décadas revelou a grande diversidade do tráfico global de animais silvestres, descrevendo tendências nos mercados ilícitos de jacarandá, marfim, chifre de rinoceronte, escamas de pangolim, répteis vivos, felinos de grande porte e enguia europeia.

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Angela Me, chefe de pesquisa e análise de tendências do UNODC, disse que a alta demanda por animais silvestres e outros produtos de origem silvestre na Ásia não deve nos distrair do fato de que o problema afeta todas as partes do mundo.

“Você deve se lembrar que a maior demanda por tudo está na Ásia porque a Ásia é o continente mais populoso”, disse ela. “O que acontece na Ásia e que é impressionante é que cada vez mais as pessoas podem comprar coisas que provavelmente não poderiam comprar antes.

“Mas não devemos ter essa ideia de que o problema não atinge a todos nós. O ciclo, para mais da metade dessas mercadorias, parte de uma fonte ilícita porque são caçadas e depois traficadas, mas, no final, acabam no mercado lícito”.

“Por exemplo, as peles de répteis, elas começam na Malásia onde os animais são caçados ilegalmente, mas depois vão para a cadeia de suprimentos de bolsas luxuosas, sapatos. Todos no mundo podem estar usando algo que foi fornecido ilegalmente.”

Mercados privados que funcionam em plataformas de mídia social e vídeo do YouTube que explicam como capturar répteis em todo o mundo estão encorajando pessoas que vivem em áreas de alcance a coletar os animais de forma oportunista para obter uma renda complementar.

Cada vez mais os répteis têm sido vendidos para colecionadores no mercado de animais domésticos através de agentes em grupos do Facebook, de acordo com o relatório. A tendência fez com que as apreensões de répteis vivos destinadas ao comércio de animais de estimação se tornassem muito mais comuns do que as apreensões de peles de répteis para o mercado da moda.

Um aumento nas apreensões na China e Vietnã de produtos de tigre, que geralmente incluem ossos para vinho de tigre e pasta de tigre, significa que os traficantes, cada vez mais, estão fornecendo pedaços de outros felinos de grande porte, passando-os como produtos de tigre, em alguns casos.
O relatório encontrou evidências de que partes de leopardo-nebuloso, leopardo-da-neve e onça-pintada estão sendo vendidas desta forma, embora haja uma preocupação especial com os leões africanos, devido a um aumento significativo no mercado de criação dessa espécie na África do Sul.

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Estima-se que mais de 12.000 tigres estejam vivendo em cativeiro em todo o mundo, muitos deles relacionados a redes de tráfico. Dentre estes tigres, 6.057 estão na China, número que supera, em muito, as populações selvagens remanescentes na Índia e no sudeste da Ásia.

O relatório também destaca a necessidade de os governos nacionais irem além das apreensões como o principal método de repreensão ao crime contra a vida silvestre, dando maior ênfase ao combate à corrupção e ao suborno.


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