Por Otávio Monteagudo (da Redação)
Grandes navios viajando a portos na costa da Califórnia, nos EUA, começarão a usar novas rotas a partir do dia 7 de junho, que foram planejadas especialmente para evitar espécies ameaçadas de baleias de colidirem com navios. As informações são da Associated Press, e foram publicadas no portal do The Washington Post na última sexta-feira, 31.
As novas linhas mudam as rotas de embarcações com destino à Baía de São Francisco, Canal de Santa Bárbara e aos portos de Los Angeles e Long Beach em uma tentativa de desviar o rumo dos navios para longe de lugares onde haja concentração dos animais.
Baleias azuis, barbatanas e corcundas em migração têm um risco considerável de serem atingidas por um navio, pois são atraídas ao litoral da Califórnia em anos com uma grande quantidade de krill, o animal que lhes serve de alimento básico. As três espécies estão em risco de extinção.
“Nosso objetivo é a conciliação da chegada segura de embarcações comerciais em nossos portos bem saturados com a proteção de populações de baleia ameaçadas em nosso território marítimos e áreas adjacentes a eles”, declarou William Douros, da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera.
A baleia azul, o maior animal que há na Terra, pode chegar a até 28 metros de comprimento, mas são minúsculas comparadas a um navio de carga de grande porte, que pode ter aproximadamente quatro campos de futebol na área da superfície. São estimadas 2000 baleias azuis, 2000 barbatanas e 2500 corcundas na região nordeste do Oceano Pacífico.
Casos frequentes de colisões fatais de baleias com navios mobilizaram os oficiais da Marinha dos EUA a trabalhar com a indústria de transportes marítimos e ambientalistas em um estudo de dois anos com o objetivo de achar soluções visando a diminuição das mortes desses animais. As novas rotas, aliadas a estudos aéreos e uma maior atenção das tripulações para a presença de baleias estão entre os esforços dispensados para amenizar esse problema.
John Calambokidis, um cientista da cidade de Olympia, no estado de Washington, estudou as colisões de navios na Costa Oeste dos EUA por décadas e participou da empreitada, mas comenta que embora a nova definição das linhas marítimas seja um bom começo, está longe de ser uma panaceia. “Esse é um melhoramento significante, mas resultará apenas em uma redução modesta das batidas e há um grande número de etapas adicionais que teremos que seguir para atingir um progresso maior.”
Companhias de comércio marítimos também concordaram em ceder espaço nos navios para cientistas selecionados pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera para efetuar a realização de estudos e programas de diminuição de colisões.
A Associação de Mercadores Navais do Pacífico, que também trabalhou pelas mudanças, aplaude o trabalho realizado. “Estamos em total concordância com a mudança das regras, o que assegurará uma maior proteção de vidas humanas e marítimas, além de garantir o fluxo eficiente do comércio que passa pelos portos da Califórnia”, disse T.L. Garrett, o vice presidente da associação.
Três filas próximas à Baía de São Francisco serão estendidas até a plataforma continental para diminuir a interação das rotas de navios de carga com a da passagem de baleias e afastar as embarcações dos santuários marítimos de Cordell Bank e do Golfo de Farallones.
No Canal de Santa Bárbara, onde quatro baleias azuis morreram em batidas contra navios em 2007, uma fila na sua parte sul será estendida aproximadamente dois quilômetros ao norte; a nova fila desvia embarcações de áreas de alimentação das baleias barbatanas e corcundas. O restante das rotas será estreitado. Os portos de Los Angeles e Long Beach, que recebem cerca de 40% das importações dos EUA, terão mudanças semelhantes.”