Na cidade de Bayona, na França, mais um touro foi forçado a enfrentar a tortura no último sábado (30/08). Em meio à violência imposta, o animal reagiu instintivamente e atingiu o toureiro colombiano Juan de Castilla. Enquanto a maior parte da imprensa noticia apenas a lesão do homem, pouco se fala do sofrimento do verdadeiro protagonista dessa história que é o touro.
Como em todas as touradas, ele foi submetido a uma arena barulhenta, cercado por gritos, privado de qualquer chance de defesa real. Diante do risco constante e da dor infligida, o golpe contra o toureiro foi um ato de sobrevivência, expressão de uma tentativa desesperada de escapar da crueldade a que estava submetido.
Infelizmente, mesmo ferido, Juan matou o pobre touro, cravando-lhe a espada.
As touradas são a materialização de um ciclo perverso que transforma violência em tradição. O touro não escolhe estar ali e é obrigado a suportar sofrimento físico e psicológico até ser morto. O acidente com o toureiro, tratado como escândalo pela temporada é apenas um reflexo da crueldade estrutural dessa prática.
Na Colômbia, onde Juan de Castilla nasceu, esse cenário já começou a mudar. A aprovação da lei “No Más Olé”, fruto da mobilização de organizações de defesa animal, movimentos sociais e da atuação da senadora Esmeralda Hernández, baniu as touradas do país. Essa conquista mostra que a sociedade pode evoluir, deixando tradições cruéis no passado e reconhecendo que a vida animal merece respeito, liberdade e dignidade.