Na noite de terça-feira (12/08), um touro que escapou de um caminhão boiadeiro em Orleans, Santa Catarina, teve sua tentativa de liberdade interrompida de forma brutal. Assustado e confuso, o animal corria pelas ruas após descer do veículo que o transportava para o matadouro, quando foi contido a tiros pela Polícia Militar antes de ser novamente colocado no caminhão e levado para a morte.
Imagens gravadas no local mostram que, no momento em que foi atingido por cinco tiros, o boi estava laçado e parado no meio da rua. Ainda assim, a PM justificou os disparos alegando “risco iminente” às pessoas próximas. Testemunhas relataram que o animal, acuado, avançava em alguns momentos contra quem tentava contê-lo, uma reação previsível para um ser que, instintivamente, lutava por sua vida.
O episódio expõe, mais uma vez, a forma violenta como animais considerados de fazenda são tratados. Apesar do avanço da ciência, que já reconhece a senciência de todos os seres, ou seja, a capacidade de sentir medo, dor, alegria e outros estados emocionais, bovinos, suínos e outros animais seguem sendo vistos como mercadorias.
Ao invés de receber socorro ou ser levado para um local seguro, o touro baleado foi devolvido ao responsável pelo transporte, que o conduziu ao matadouro. O desfecho é a reafirmação de uma lógica cruel: quando um animal tenta escapar da morte, a resposta não é proteger sua vida, mas garantir que o abate aconteça.
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A atitude da polícia, longe de ser uma medida “necessária”, revela um profundo desprezo pela vida de um animal que apenas queria viver. É mais um caso de uma realidade em que interesses econômicos se sobrepõem ao respeito por outras espécies, e em que a violência contra animais é tratada como rotina, não como um problema ético e moral que precisa urgentemente ser enfrentado.