EnglishEspañolPortuguês

Uma tonelada de objetos de marfim é destruída no coração de Nova York

22 de junho de 2015
4 min. de leitura
A-
A+

Pessoas observam peças de marfim apreendidas e que foram reunidas na Times Square, em Nova York, para serem destruídas na sexta (19) (Foto: AFP Photo/Jewel Samad)
Pessoas observam peças de marfim apreendidas e que foram reunidas na Times Square, em Nova York, para serem destruídas na sexta (19) (Foto: AFP Photo/Jewel Samad)

Cerca de uma tonelada de estátuas, presas esculpidas, joias e objetos de decoração feitos em marfim foi destruída na sexta-feira (19) na Times Square de Nova York, em uma operação feita pelas autoridades para denunciar o contrabando que mata milhares de elefantes anualmente.
Sob as luzes de néon da praça mais famosa do mundo e em meio a aplausos dos espectadores, as autoridades depositaram os objetos um após o outro em uma correia transportadora que os levavam a um triturador usado geralmente para destruir pedras.
Os itens foram confiscados principalmente uma loja de artigos de arte na Filadélfia (leste dos Estados Unidos), cujo proprietário foi condenado à prisão.
Esta operação “lembra o resto do mundo que os Estados Unidos não vão tolerar os crimes contra a vida selvagem, especialmente contra os animais emblemáticos que estão em perigo”, afirmou Sally Jewell, secretária do DOI (departamento responsável pela administração de parques nacionais e conservação dos Estados Unidos, ndlr).
A secretária observou que, entre 2011 e 2014, a caça de elefantes na África “alcançou o maior nível já registrado. Em três anos, cerca de 100 mil elefantes foram mortos por causa do marfim”.
Funcionários do Departamento de Vida Selvagem dos EUA colocam peças de marfim em máquina trituradora na Times Square, em Nova York, na sexta (19) (Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP)
Funcionários do Departamento de Vida Selvagem dos EUA colocam peças de marfim em máquina trituradora na Times Square, em Nova York, na sexta (19) (Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP)

Ela também disse que a demanda por marfim está crescendo em todo o mundo e que as redes de crime organizado enxergam o comércio como um negócio de baixo risco e altos rendimentos.
Durante a destruição dos objetos de marfim, em meio à multidão, dezenas de manifestantes levavam cartazes que lembravam que, diariamente, 96 elefantes morrem vítimas dos caçadores que contrabandeiam suas presas.
Um estudo divulgado quinta-feira na revista Science também disse que o comércio é responsável pela morte de 50 mil elefantes africanos por ano e resulta na perda de 40-50 toneladas de marfim.
Queda catastrófica
É a segunda vez que as autoridades norte-americanas organizam uma destruição tão grande de marfim. Em novembro de 2013, o serviço de proteção da fauna e da flora (US Fish and Wildlife Service, USFWS), no âmbito do DOI, organizou a destruição de mais de cinco toneladas em Denver, Colorado (oeste).
A operação simbólica desta sexta-feira foi coordenada pelo USFWS e o Departamento de Conservação Ambiental de Nova York, com dezenas de ONGs em defesa dos animais.
“Hoje não estamos apenas destruindo o marfim, também queremos destruir o mercado de marfim sangrento”, explicou Cristian Samper, chefe da ONG Wildlife Conservation Society (WCS). “Estamos destruindo a esperança dos caçadores furtivos que acham que irão se beneficiar matando os elefantes da Terra”.
A WCS lembrou que houve ações similares no mundo. A primeira ocorreu no Quénia em 1989, depois na Zâmbia em 1992 e nos últimos anos a cena repetiu-se no Gabão, Filipinas, Bélgica, Chade, China, França, Congo, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos.
O comércio internacional de marfim foi proibido desde 1989, por isso é ilegal ou severamente regulamentado em muitos países. O estado de Nova York e o vizinho Nova Jersey recentemente proibiram a venda e o comércio de marfim.
O maior mercado é a China, que responde por 70% da demanda mundial, mas os Estados Unidos continuam a ser o segundo maior mercado do mundo.
“Nós somos parte do problema, devemos agora também ser parte da solução”, argumentou Jewell.
De acordo com um estudo recente, a situação é particularmente preocupante na Tanzânia, onde a população de elefantes sofreu uma “queda catastrófica” nos últimos cinco anos, passando de 109 051 unidades em 2009 para 43 330 em 2014, de acordo com a ONG especializada Traffic, segundo a qual a caça de elefantes é um negócio “de escala industrial”.
Outro estudo recente mostrou que a forte demanda por marfim no mundo pode render a um contrabandista africano US$ 3 mil por um par de presas de elefante. Este número é maior do que o salário anual de muitos africanos.
Fonte: G1

Você viu?

Ir para o topo