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NADA A CELEBRAR

Tirada das ruas e levada para a morte: há 60 anos primeira gata era enviada para o espaço

10 de setembro de 2023
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: AFP via Getty Images

Em 2023, celebramos o 60º aniversário de um evento que, sob a perspectiva dos direitos animais, deixa uma marca sombria na história da exploração espacial: o envio de animais para o espaço, com destaque para o caso de Félicette, a gata pioneira.

Em 18 de outubro de 1963, Félicette, uma SRD parisiense preta e branca, embarcou em um foguete francês em uma missão suborbital. Essa viagem a levou a altitudes de até 154 km, marcando um feito astronáutico que nunca mais se repetiu no mundo dos felinos. O fato de que um ser vivo foi submetido a tal experiência em nome da ciência levanta questões profundas sobre ética e direitos animais.

Na década de 1960, cães e macacos eram as escolhas mais comuns para testar as condições no espaço e a sobrevivência de seres vivos além da atmosfera terrestre. A França, por sua vez, decidiu adicionar os gatos em situação de rua à lista de astronautas, mas esses felinos, deliberadamente, não receberam nomes para evitar qualquer apego sentimental. O gato escolhido, conhecido apenas como C341, acabou sendo batizado como Félicette após seu voo.

A história de Félicette não está isolada. Tartarugas, águas-vivas e até mesmo aranhas foram lançadas ao espaço em experimentos similares. A justificativa inicial para esses voos era entender os riscos e impactos no espaço para seres humanos. Infelizmente, muitos desses animais sacrificaram suas vidas no processo.

O caso mais famoso é o da cadela soviética Laika, que voou a bordo do Sputnik 2 em 1957. A União Soviética lançou cães em foguetes 71 vezes entre 1951 e 1966, com 17 mortes registradas, de acordo com “Animals in Space” de Colin Burgess e Chris Dubbs.

Hoje, as regulamentações para a exploração de animais em experimentos espaciais são mais rigorosas, com cientistas argumentando que o espaço não deve ser uma sentença de morte para os animais. No entanto, Félicette não teve a mesma sorte. Após sua viagem, ela foi sacrificada para estudos anatômicos, que, ironicamente, não resultaram em avanços científicos significativos.

Embora a França nunca tenha enviado mais gatos ao espaço, Félicette ainda é lembrada com uma estátua na Universidade Espacial Internacional em Estrasburgo, erguida em 2019. No entanto, essa homenagem não apaga o fato de que sua viagem representou uma época em que os direitos animais eram negligenciados em nome da exploração espacial. À medida que celebramos as conquistas espaciais, é essencial lembrar e criticar os sacrifícios injustificados de seres vivos em nome da ciência.

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