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Tigres espancados e elefantes órfãos: a realidade cruel das selfies com animais

27 de março de 2017
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Jaume Escofet/Flickr

É um ritual para muitos turistas. Eles visitaram a Tailândia e tiraram uma selfie com um grande felino no Templo do Tigre, vão ao Marrocos e seguram um macaco forçado a usar um vestido ou posam com um crocodilo em uma fazenda no Vietnã.

“A ironia é que as pessoas costumam tirar essas fotos porque amam animais. Porém, por trás dessas selfies há muito abuso”, diz Chiara Vitali, gerente de campanhas da World Animal Protection.

“Se você está tirando uma foto com um filhote de tigre, é provável que ele tenha sido arrastado para fora como uma propriedade e, em seguida, seja levado de volta para a sua jaula durante a noite, quando os tigres devem caminhar. Para obter essa imagem, ocorre uma enorme crueldade contra os animais”, acrescenta.

Foto: Magnus Manske, Wikimedia Commons

Enquanto essas interações geram um fluxo interminável de fotos no Facebook e no Instagram, elas são grandes negócios também. Estima-se que 110 milhões de pessoas visitem essas atrações cruéis todos os anos, conforme divulgado pelo Independent.

A indústria de viagens está dando grandes passos rumo a um caminho mais ético. Recentemente, a maior feira de viagens do mundo, a ITB Berlin, anunciou que a World Animal Protection está se unindo a líderes da indústria para promover um turismo que não explore elefantes.

As empresas líderes do setor, incluindo o TUI Group e o Intrepid Group, estão incentivando padrões mais elevados de bem-estar animal. Elas já não promovem viagens para locais que oferecem passeios de elefante ou contato direto com animais.

Montar em elefantes

Foto: Reprodução, Independent

Apesar de isso ser vendido aos viajantes, montar em elefantes não faz parte da cultura tailandesa. Isso foi desenvolvido em resposta à demanda turística.

“A maioria desses elefantes é arrancada de suas mães quando filhotes. Eles fazem isso para quebrar seu espírito. Muitas vezes, eles ficam famintos ou são espancados para que aprendam a ser submissos. Os treinadores podem tratá-los assim por cerca de uma semana, mas lhes causam um medo de seres humanos durante o resto de suas vidas. É por isso que muitas vezes os treinadores carregam uma vara com um gancho na ponta”, explica Vitali.

Nadar com golfinhos

Foto: Reprodução, The Dodo

“Pode parecer que os golfinhos estão se divertindo, mas pensem como o animal está nessa situação, cercado por pessoas. Os golfinhos são muitas vezes capturados na natureza. Os caçadores separam os golfinhos jovens de seus grupos, muitos dos quais morrem durante esse processo, pois é muito traumático. Estas criaturas são feitas para nadar quilômetros pelo oceano, por isso colocá-las em uma piscina é equivalente a colocar uma pessoa em uma sala para o resto de sua vida”, diz Chiara.

Encantadores de serpentes

Não há nenhuma qualidade em encantar serpentes. Esses animais são arrancados de seu habitat, têm seus dentes removidos sem analgésicos ou seus dutos de veneno perfurados com uma agulha quente para destruir sua única forma de defesa. Suas “danças” despertadas pela música são, na verdade, um movimento feito porque eles ficam aterrorizados.

Selfies com tigres

Em 2016, 137 tigres foram resgatados do Templo do Tigre, a oeste de Bangkok, após relatos de que estavam sendo fortemente sedados, espancados e mantidos em jaulas de concreto. As autoridades também encontraram 40 filhotes mortos em um freezer. O templo, que ganhou cerca de 4,9 milhões de libras por ano com venda de ingressos, foi fechado, mas atualmente há planos para abrir um novo zoológico ao lado do local.

“Os tigres são animais solitários, por isso não é natural para eles estar com centenas de pessoas ao redor. Olhe para os sinais de estresse, como os tigres caminham de um lado para o outro”, diz Vitali.

Ursos que dançam

Parece bastante óbvio que os ursos não nasceram para dançar, mas eles ainda são usados para entretenimento na Europa Oriental e Ásia.

“Ursos são feitos para andar livres. Animais selvagens como este não têm um relacionamento instintivo com os seres humanos, como um cão teria. Se os ursos são ensinados a reagir de uma certa maneira por um treinador, geralmente fazem isso devido à dor e ao medo”, destaca Vitali.

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