Na região de Pri-Amur, na Rússia, Boris, um tigre-siberiano reintroduzido na natureza, percorreu 200 quilômetros para se reunir com Svetlaya, uma fêmea com quem havia sido criado em semi-cativeiro três anos antes. Meses depois, o casal teve uma ninhada de filhotes, marcando um momento de sucesso em um projeto de conservação.
O programa, que existe na região próxima à fronteira entre Rússia e China, buscava reintroduzir tigres siberianos em uma área onde a espécie estava ausente há mais de 50 anos. Boris e Svetlaya estavam entre seis filhotes órfãos encontrados na floresta das montanhas Sikhote-Alin, último reduto dos tigres na Rússia.
Os filhotes foram criados em recintos projetados para minimizar o contato humano e foram treinados para caçar presas vivas, desenvolvendo as habilidades necessárias para sobreviver no ambiente selvagem. Após demonstrar competência na caça, os tigres receberam coleiras com GPS e foram soltos na natureza.
O retorno dos tigres foi cuidadosamente planejado para expandir sua distribuição regional, mas a jornada de Boris surpreendeu a equipe ao revelar seu instinto de se reunir com Svetlaya. “Os dados demonstraram que filhotes órfãos, criados em cativeiro e soltos, são tão habilidosos quanto tigres selvagens na caça, raramente atacando animais domésticos”, afirmou Dale Miquelle, autor do estudo e membro da Wildlife Conservation Society (WCS).
Conservação da espécie
Com menos de 4,5 mil tigres selvagens vivendo em 8% de seu habitat histórico, o estado da espécie é alarmante. No entanto, o estudo mostrou que, com a abordagem certa, é possível reintroduzir tigres na natureza. “O sucesso deste projeto demonstra que, com isolamento adequado dos humanos e treinamento para caçar, tigres podem ser devolvidos ao ambiente selvagem”, destacou Miquelle.
O estudo também aponta a existência de mais de 700 mil quilômetros quadrados de habitat potencial para tigres na Ásia. “Esse projeto abre novas possibilidades para reintroduções não só de tigres, mas de outros grandes felinos em áreas onde foram extintos”, afirmou Luke Hunter, diretor do Programa de Grandes Felinos da WCS.
Fonte: Um Só Planeta