Já presenciei muita gente, que vive acusando os outros de ‘sentimentalismo’, perder a razão. É quem apela para o falso ‘amor à ciência’, ‘o conhecimento científico acima de tudo’ – só falta dizer que ‘a fé salva’. Se vestem de uma aura de sagrado, parecem verdadeiros mestres da ciência, quando na verdade são bolsistas com medo de seus orientadores ou simplesmente puxa-sacos. Essa mesma cambada, quando se sente ameaçada, apela para a ignorância. Visivelmente alterados, saem da sala ou dizem barbaridades nas redes sociais, onde é muito fácil ser ‘cientista’. Onde está o espírito científico? Não é aí que o encontramos.
Um seminário sobre bioética foi organizado por uma sem-noção, que convidou uma pessoa para falar contra direitos animais, mas quando chegou o momento do debate, o mesmo se dispôs a falar a favor dos animais. No mesmo evento, um vivisseccionista perdeu a postura durante a discussão, e deixou o recinto. Logo em seguida entrou um biólogo, defensor das alternativas aos testes em animais, que apresentou uma resposta à afirmação falsa do médico, de que pesquisas sem animais são impossíveis. O abolicionista apresentou dados concretos e disse que era uma pena o pesquisador ter saído da sala, pois tinha até informações sobre a pesquisa que o nervoso vivisseccionista realiza.
Geralmente esses pesquisadores desconhecem as alternativas ao uso de cobaias em sua própria área, pois usam os mesmos métodos há séculos. Em apenas um exemplo, pois já vi de tudo e ficaria dias contando, podemos ver que essa acusação de sentimentalismo é, no mínimo, projeção. É uma tentativa de desqualificar o discurso, minimizando a importancia do que é apresentado. Como se possuir sentimento fosse uma coisa ruim. E como se a ciência fosse algo completamente isento de sentimentos, quando sabemos e vivenciamos que é na ciência que encontramos os maiores docmáticos e ‘sentimentalistas’.
Eu acredito numa ciência que busque alternativas ao sofrimento. Que salve vidas preservando a vida, que estude possibilidades, que encontre formas de diminuir a dor. Os médicos, pesquisadores e professores que buscam conhecer sem ferir, que criam as alternativas e as divulgam, estes são os verdadeiros cientistas. Estes buscam a cura para a humanidade, sobretudo, a cura para a maldade.