No início da segunda e derradeira semana da COP16 de combate à desertificação, em Riad, na Árabia Saudita, a ONU lançou um relatório alarmante sobre os estragos feitos aos solos do planeta. O documento ainda chama atenção para um futuro sombrio se não estancarmos as mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, mas também pelo desmatamento e mau uso da terra. E com 2024 se confirmando como o ano mais quente da História [leia mais aqui], reverter esse cenário se torna ainda mais desafiador e difícil.
De acordo com o relatório “The global threat of drying lands: Regional and global aridity trends and future projections”, 77,6% das terras do planeta provavelmente se tornaram permanentemente mais secas nas três décadas que antecederam 2020, em comparação com o período anterior de 30 anos (1961-1990), destaca o Down to Earth. Assim, 4,3 milhões de km2 de paisagens anteriormente úmidas – área equivalente à metade do Brasil – transformaram-se em terras secas, onde a precipitação é inferior a 65% da demanda evaporativa atmosférica.
As terras secas agora representam 40% de toda a superfície terrestre do planeta, excluindo a Antártica, pontua o Guardian. O aumento da aridez entre 1990 e 2015 fez com que a África perdesse cerca de 12% do seu PIB, mostra o documento. Previsões ainda mais preocupantes indicam que a África perderá cerca de 16% de seu PIB, e a Ásia, quase 7%, nos próximos cinco anos.
Os problemas hídricos do mundo estão se tornando rapidamente mais agudos como resultado do fracasso global em combater as emissões de gases de efeito estufa e com isso estancar as mudanças climáticas. De acordo com o estudo, em 2020, cerca de 30% da população do mundo – 2,3 bilhões de pessoas – viviam em terras secas, ante 22,5% em 1990. Projeções mais pessimistas do relatório indicam que até 5 bilhões de pessoas podem viver em terras áridas até o fim deste século, relata o g1. Até lá, metade da população africana poderá estar vivendo em terras áridas.
“Pela primeira vez, um órgão científico da ONU está alertando que a queima de combustíveis fósseis está causando o ressecamento permanente em grande parte do mundo, com impactos potencialmente catastróficos que podem comprometer o acesso à água e levar pessoas e a natureza ainda mais perto de pontos de inflexão desastrosos”, alertou Barron Orr, cientista-chefe da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação (UNCCD).
Fonte: ClimaInfo