A reação àqueles que assumiram sua posição pró-animais é um fenômeno que, no mínimo, desenha o contorno do medo que essas ideias estão causando. Enquanto aqui no Brasil a coisa se limita ao virtual – geralmente perfis falsos de gente posando de pitbull raivoso ou filósofo no Orkut –, no exterior as dimensões estão começando a beirar a paranoia. Nos Estados Unidos, leis antiterrorismo estão sendo habilmente utilizadas para barrar o ímpeto de muitos ativistas, induzindo o cidadão médio a pensar que todo vegano é um potencial criminoso, capaz de montar um artefato explosivo na casa de pesquisadores que estão encontrando a cura do câncer infantil etc. No último dia 12, um evento em Minneapolis tratou justamente desse assunto, basicamente a diminuição das liberdades civis americanas em função do 11 de setembro, blá-blá-blá.
Baderna e subversão sempre estiveram relacionadas a toda ideia que começa a se sedimentar e ganhar adeptos, especialmente se houver juventude no meio, e qualquer coisa que possa ser tachada de ‘radical’. Para quem prefere se sentir seguro em sua vida aparentemente confortável, aquilo que for apontado como provável causador de problemas merece ser mantido longe das crianças e até mesmo do alcance dos olhos dos adultos.
Muitas são as vezes em que preciso evitar a contraposição de ideias com meu interlocutor, geralmente em situações profissionais, por saber que passo a ser visto como um meio-termo entre uma velhinha aposentada que recolhe gatos na rua e um radical que explode laboratórios onde está sendo encontrada a cura do câncer infantil. Talvez, pois “há multidões dentro de mim”, como dizia Walt Whitman. Mas ainda há um enorme preconceito com quem se apresenta como ativista, vegano, abolicionista ou algo parecido. Parte das pessoas apenas acha excêntrico, como uma nova seita, uma onda do momento para parecer cool, típico de maluco-beleza.
E parte realmente espuma de raiva, baba de ódio e tecla furiosamente em frente ao computador, por saber que há alguém que pensa o oposto, o diferente, o fora de seu conceito, o anormal, o não-convencional, o estranho, o inesperado, o provocador etc., e ainda assim leva uma vida normal. Talvez até melhor que a sua. Não é necessário raspar a cabeça nem ter cabelo comprido, viver em comunidades alternativas, votar neste ou naquele partido, ter esta ou aquela opção sexual, tomar drogas, ser artista ou se vestir de forma esquisita.
‘Green is the new Red’ é o mote que muito se ouve/lê, com as inevitáveis consequências que isso traz. Muita desinformação, contrainformação e inverdades circulando de alto a baixo, a fim de aterrorizar a população e confundir os incautos no Orkut. Eis uma excelente pauta para o Michael Moore.