Um pinguim que foi encontrado na praia de Itapoã, Vila Velha, na noite desta quinta-feira (13) ganhou um lar provisório e ainda tem um longo caminho a percorrer em busca de abrigo. O animal foi encontrado pelo estudante de direito Fernando Pereira Magalhães, 21, durante uma pescaria.
“Ele apareceu na onda e, em alguns minutos, ele estava na areia. Ele não tinha condições de voltar para o mar, parecia muito cansado. Não conseguia nem ficar em pé”, conta Fernando. Ele então levou o pinguim para a casa da namorada.
Nesta sexta-feira (14) o auxiliar administrativo da ONG Instituto Orca, Edes Espiridão Gonçalves Júnior, esteve na casa para recolher o animal. Mas o pinguim não poderá ficar na sede do órgão, também localizado em Vila Velha, como ocorreu com muitos outros animais da mesma espécie no ano passado. O auxiliar explica que, desta vez, não há estrutura física para atender a demanda.
“A gente faz apelos para que órgãos governamentais nos ajudem. Não temos ideia do que fazer caso muitos animais encalhem, como ocorreu no ano passado”, diz o auxiliar da ong.
Em 2008, mais de 400 pinguins apareceram no litoral do Espírito Santo. O Instituto Orca foi o destino mais comum para as aves, que viajam desde a Patagônia, no extremo sul do continente, até o Brasil. Em 2009, ao menos seis pinguins chegaram às praias capixabas, no entanto, muitos outros foram vistos por pescadores nas imediações.
Quando Fernando encontrou o pinguim nesta quinta-feira, ele e a namorada, a também estudante de direito Priscila Freire de Almeida, 19, tentaram acionar órgãos públicos, como a Polícia Militar Ambiental e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), mas nenhum deles apareceu para recolher o animal.
“Nós ligamos para a Polícia Ambiental e para o Ibama, todo mundo começou a ligar, mas ninguém atendeu no Ibama e a Polícia Ambiental não veio recolher. Eu trouxe para casa porque se não ele ia ficar lá. A Polícia Ambiental disse para a gente colocar ele em uma caixa e não deixar ele passar frio”, conta Priscila.
Cuidados
Ao encontrar um pinguim, a orientação dos órgãos ambientais é que o animal não seja colocado em locais frios. Isso porque no caminho no mar eles perdem a camada de gordura que os protege das baixas temperaturas. Quando já estão debilitados, precisam ser colocados em um local aquecido.
Foi isso que Fernando e Priscila fizeram, sob orientação da Polícia Ambiental. O pinguim foi colocado em uma caixa de papelão com jornais até a chegada do integrante do Instituto Orca. Muito fraco, ele não pôde ser alimentado. Agora, uma sonda deve ajudar nesse trabalho.
Ibama
O analista do Ibama Vinícius Seixas Queiróz explica que “se o animal estiver ativo, em pé, é só deixar ele no local mesmo, no máximo na sombra. Se ele estiver muito debilitado mantê-lo em uma caixa em um local aquecido e seco. Então nós tentaremos formar uma rede de contatos entre vários órgãos ambientais para transportar o animal até Regência”.
É para lá que o Instituto Orca levará o pinguim encontrado em Itapoã. Lá há uma sede do próprio instituto e também a reserva de conservação de Comboios, administrada pelo Instituto Chico Mendes.
De acordo com o presidente do Instituto Orca, Lupércio Barbosa, os pinguins aparecem no litoral capixaba todos os anos entre os meses de julho e outubro, porém não é possível prever em que quantidade. O motivo da longa jornada percorrida por esses animais, segundo ele, é a busca por alimento.
Fonte: Gazeta on-line