A temporada de 2009 pode ser uma das melhores para a observação de baleias em Santa Catarina. A expectativa é da diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca, a bióloga Karina Groch.
No primeiro sobrevoo do ano, realizado entre Torres (RS) e Garopaba, no Sul do Estado, na quinta-feira (30) da semana passada, foram avistados 61 mamíferos. O número é considerado alto para esta época do ano.
O próximo sobrevoo será realizado em setembro, o pico da temporada, quando poderá haver pelo menos o dobro de baleias na região. O recorde de animais avistados em um único sobrevoo ocorreu em setembro de 2006, quando 196 baleias foram avistadas. Os sobrevoos de pesquisa começaram a ser feitos em 1987.
As baleias são identificadas individualmente por meio de calosidades, espécie de verrugas que elas apresentam na cabeça. No voo da semana passada foi avistado um filhote albino. A presença deles ocorre quase todas os ano, segundo Karina. A bióloga conta que a mãe deste filhote já havia aparecido com outra cria do mesmo tipo há três anos, na praia de Itapirubá, em Imbituba.
As baleias da espécie franca são procedentes de regiões da Antártida e no início do inverno migram em direção ao Brasil em busca de águas mais quentes para acasalamento, reprodução e amamentação dos filhotes.
A área de movimento desses mamíferos no país fica entre Florianópolis e Torres, mas a maior concentração é registrada principalmente em Imbituba, nas praias do Rosa, Ibiraquera, Vila e Itapirubá.
Cautela na aproximação
O grande número de baleias atrai cada vez mais pessoas interessadas em observar esses mamíferos. Karina Groch recomenda cautela na aproximação dos animais. Na semana passada, uma lancha com seis tripulantes se aproximou demais de uma baleia e seu filhote em Itapirubá e afugentaram a dupla.
Segundo a lei, embarcações com o motor ligado devem respeitar a distância de 100 metros dos cetáceos. Este distanciamento proporciona uma aproximação segura tanto para as baleias quanto para as pessoas.
— No momento em que uma baleia se sente ameaçada, apesar de ser uma espécie muito dócil, as fêmeas podem se voltar para defender os filhotes e podem ocorrer acidentes — alerta Karina.
O projeto
O Projeto Baleia Franca começou em 1982, com o objetivo de garantir a sobrevivência e a recuperação populacional da baleia franca em águas brasileiras.
Entre os anos de 1950 e 1970 a caça predatória da baleia franca, para retirada de óleo, carne, gordura e barbatanas, era uma das maiores fontes de renda das comunidades pesqueiras do Litoral Sul. A última estação baleeira fechou as portas em 1973 em Imbituba e a caça se tornou proibida por lei. Os animais ficaram praticamente extintos entre os anos 1970 e começo dos anos 1980.
A sede do projeto fica no Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, na Praia de Itapirubá Norte, em Imbituba. O Centro conta com um espaço de visitação, deck de observação de baleias, laboratório de pesquisa, escritórios administrativos, alojamento de pesquisadores e estagiários e biblioteca.
Fonte: Diário Catarinense