A frota baleeira japonesa encerrou ontem (12) a temporada de caça na Antártida com 507 baleias, metade das 935 previstas. O capitão da frota, Shigetoshi Nishiwaki, atribuiu o fracasso da expedição de cinco meses aos ambientalistas da entidade Sea Shepherd, segundo informações dos sites da BBC e do Guardian. Em anos recentes, a Sea Shepherd tem usado barcos para perseguir navios japoneses e impedir a captura de baleias. A tática de guerrilha teve seu ápice em janeiro, quando uma lancha hi tech da entidade, a Ady Gil, afundou depois de colidir com o navio arpoador Shonan Maru 2.
Nishiwaki disse ter ficado “furioso” com as investidas dos ambientalistas em alto-mar, que paralisaram a frota japonesa por 31 dias. “Eles dizem que protegem o mar, mas não se importam de vazar óleo ou deixar para trás de pedaços de barco”, disse, referindo-se à Ady Gil.
O imediato da lancha, Peter Bethune, aguarda julgamento no Japão por causa do incidente. Ele foi acusado de cinco crimes por ter invadido o navio arpoador para tentar prender, em nome da “sociedade”, o capitão do Shonan Maru 2.
A Comissão Internacional da Baleia proibiu a caça comercial dos mamíferos em 1986. Mas uma cláusula aprovada por pressão do Japão permitiu ao país manter as expedições de baleeiros à Antártida para fins de “pesquisa científica”. As supostas sobras não usadas nas “pesquisas” são vendidas em supermercados e restaurantes.
A polêmica sobre a caça às baleias promete recrudescer em junho, quando estão previstas a nova reunião da Comissão Internacional da Baleia e o julgamento de dois ativistas do Greenpeace.
Criticada por ambientalistas, a comissão estuda suspender a moratória mundial, desde que países como Japão e Noruega se comprometam a reduzir significativamente o número de animais capturados. A ofensiva contra os japoneses no Marrocos deve ser liderada pela Austrália, que ameaça levar o país asiático a cortes internacionais de Justiça por usar a alegação de que conduz pesquisas científicas para fraudar a proibição à caça comercial. Este ano, com apoio de países como o Brasil, o governo australiano financiou uma expedição de cientistas à Antártida para provar que é possível fazer pesquisas sem matar os mamíferos e colher evidências de que o Japão está fraudando a moratória.
Com informações do Estadão