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MEIO AMBIENTE

Tempestades de poeira podem se tornar cada vez mais frequentes

11 de maio de 2023
Por Rodilei Morais
2 min. de leitura
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NOAA George E. Marsh Album/Domínio Publico

Após uma tempestade de poeira causar um acidente com mais de 70 carros em rodovia do estado norte-americano de Illinois no início do mês, especialistas dizem que esse tipo de fenômeno pode se tornar cada vez mais frequente no país, replicando o Dust Bowl — nome dado à seca histórica nos Estados Unidos na década de 1930.

Se os norte-americanos já entravam nos anos 30 em uma crise econômica após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, a região central do país passou pelo agravante de ser atingida pela pior seca de sua história, com frequentes e intensas tempestades de areia ou poeira. O Dust Bowl — Vaso de Pó, em tradução livre — como ficou conhecido, deixou centenas de milhares de desabrigados e afetou toda a produção agrícola local por décadas.

Quase 100 anos depois, circunstâncias semelhantes às que causaram o Dust Bowl estão se alinhando. No caso de Illinois, a tempestade se formou em apenas alguns minutos, avançando rapidamente pela estrada e obstruindo a visão dos motoristas. Na ocasião, 72 veículos colidiram, deixando sete mortos e uma série de feridos. Chuck Schaffer, do Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos, explica que os fortes ventos que atingiram os campos logo após o revolvimento do solo teriam levantado as partículas — especialmente secas pela ausência de chuva — que ficaram soltas.

Essas condições não são comuns em Illinois, mas, com as mudanças climáticas, elas podem se tornar cada vez mais recorrentes. Assim como no Dust Bowl original, contudo, o clima, sozinho, não é o culpado — a agricultura intensiva do período entre-guerras deixou o solo severamente fragilizado nos anos 30. Agora, o problema é o excesso de aragem para remoção de ervas daninhas e controle de umidade. Quando se passa muito tempo sem vegetais plantados, a técnica deixa as partículas vulneráveis à erosão pela água e pelo vento.

O Dust Bowl prejudicou a economia agrícola dos estados centrais americanos, já em crise pela quebra da Bolsa de Valores em 1929 (Imagem: Dorothea Lange/Wikimedia Commons)

Estudos da Universidade de Utah já mostraram que a quantidade de poeira na atmosfera na região já vem subindo cerca de 5% por ano entre 2000 e 2018, em uma área que coincide com a que foi convertida de campos naturais para plantações.

Não é só nos Estados Unidos

Com o precedente do Dust Bowl marcando sua história, cientistas americanos estão atentos para o aumento nas tempestades de areia, mas não é só por lá que esse tipo de fenômeno tem recebido atenção. Pesquisadores têm analisado formas de mitigar os efeitos da poeira no norte da África e no Oriente Médio, por exemplo. No Brasil, eventos similares aconteceram nos últimos anos, também agravados pelas mudanças climáticas e práticas agrícolas intensivas.

Fonte: Canaltech

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