Em operação desde os anos 1990, um complexo sistema de monitoramento global para explosão de bombas nucleares não autorizadas é usado de forma pouco convencional. Todo o aparato permitiu que biólogos da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, descobrissem uma nova população de baleias-azuis em risco de extinção no Oceano Índico, através de seu inconfundível canto. É a prova viva de que as coisas não se limitam à finalidade para qual foram criadas.
Através de um aparato para impedir guerras nucleares, foi descoberto um novo agrupamento da subespécie conhecida como baleia-azul-pigméia (Balaenoptera musculus brevicauda). Parte da família das baleias-azuis, estão entre os maiores animais vivos do mundo, pesando 90 toneladas e medindo 24 metros.
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A partir das estações hidroacústicas, os pesquisadores têm monitorado o comportamento desse grupo extremamente raro — e com um canto único, tão próprio, que pode ser usado para diferenciar esse agrupamento de outros. Sabe-se que essas baleias raras já migraram do leste para o centro-oeste do Oceano Índico, ao redor do Arquipélago de Chagos. Em seguida, viajaram até o norte da Austrália Ocidental e, nas últimas análises, estavam próximas do Sri Lanka, conforme é descrito em estudo publicado na revista Nature.
As raríssimas baleias-azuis
Com essa descoberta, os autores concluíram que são pelos menos cinco populações de baleias-azuis em atividade no Oceano Índico, sendo que uma é composto pela espécie Balaenoptera musculus intermedia, também conhecida como baleia-azul-da-Antártida, e os outras quatro são da subespécie baleia-azul-pigméia.
Apesar de existirem provas sonoras incontestáveis da existência desses grupos, isso não significa que todos eles já foram vistos ou mesmo fotografados. É até poético pensar que seres tão raros só existem para os cientistas — e para toda a humanidade — a partir de suas canções, como ocorrem com os mitos e lendas.
O motivo dessa raridade é explicado pela caça humana. Na década de 1920, era estimado a existência de 239 mil espécimes de baleias-azuis. No entanto, este número foi reduzido para menos de 500 em 1973 e, agora, as populações voltam a crescer. Para isso, a pesca precisa continuar a ser proibida internacionalmente, o que não tem ocorrido no Japão, por exemplo.
Sistema para bombas nucleares
Como já adiantamos, toda essa descoberta sobre a vida marinha e a nova população de baleias-azuis só foi possível a partir da existência de um aparato militar de monitoramento de possíveis explosões nucleares. Oficialmente, é conhecido como Sistema Internacional de Monitoramento (IMS).
Fonte: Canal Tech