Por Walkyria Rocha (da Redação)
Os defensores da privacidade na Internet e ativistas que sofrem sob medidas repressivas de governos locais podem agora ter um novo caminho para a liberdade de expressão com uProxy, uma ferramenta desenvolvida pelo Google, que espera contornar a censura e o monitoramento feito por governos invasivos. Até mesmo o ativismo no Brasil pode se beneficiar desta nova ferramenta. As informações são do RT.com.
Desenvolvido pelo “Think Tank Ideas” do Google da cidade de Nova York, o uProxy é um serviço “ponto-a-ponto” (uma arquitetura de redes de computadores onde cada um dos pontos ou nós da rede funciona tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central) que permite estabelecer uma conexão com a internet criptografada com alguém de confiança. O Google, que forneceu o financiamento para que a Brave New Software e a Universidade de Washington o desenvolvessem, espera que a nova tecnologia possa ludibriar os funcionários do governo em todo o mundo que vêm reprimindo o uso da internet por ativistas nos últimos anos.
“Se você olhar para as ferramentas de proxy existentes hoje, tão logo elas se tornam eficazes para os dissidentes, o governo os descobre e os bloqueia ou os espiona”, disse Jared Cohen, diretor da Google Ideas, à revista Time. “Sabemos que todo dissidente em cada sociedade repressiva tem amigos fora do país que eles conhecem e confiam. E se os amigos de confiança pudessem desbloquear o acesso nesses lugares, compartilhando seu próprio acesso? Esse foi o problema que tentamos resolver”.
Como o software Tor, já famoso na rede, o uProxy consiste em uma simples extensão do navegador que é capaz de encontrar os amigos do usuário no Facebook. O serviço, atualmente no modo “beta restrito”, não é uma rede de anonimato como o Tor, mas vai prover uma conexão individual imperceptível a todas as outras conversas cifradas online. O anonimato pode ser valioso, considerando até onde agências como a NSA foram com o objetivo de quebrar a segurança do Tor.
“Não há nenhuma característica específica do uProxy na conexão que o identifique como sendo enviado por uProxy”, observa o site do serviço.
Um usuário nos EUA seria, essencialmente, capaz de fornecer uma conexão a um amigo americano no Irã, por exemplo, sem medo de que a conexão seja descoberta.
“O usuário do Irã pode ter acesso não rastreado à internet sem censura e vai parecer da mesma maneira como se fosse nos EUA”, Cohen continuou. “Sabemos que todo dissidente, em cada sociedade repressiva, tem um amigo fora do país em quem eles conhecem e confiam. E se os amigos de confiança pudessem desbloquear o acesso nessas sociedades repressivas, compartilhando seu próprio acesso? Esse foi o problema que tentamos resolver”. É assim que um ativista pelos direitos animais conseguiria se comunicar e transferir informações sobre, por exemplo, a caça aos rinocerontes na Africa, sem medo de ser rastreado, ou denunciar a caça aos golfinhos no Peru.
“Esta é uma empresa de ativistas e hackers para melhorar a segurança”, disse ele. “Quando você trabalha no Google e diz aos engenheiros que sua habilidade é relevante para alguém no Irã que não tem acesso à informação no seu país ou no resto do mundo, isso os inspira realmente a querer fazer algo para resolver o problema. Existe um verdadeiro altruísmo nessa empresa, e é por isso que eu estou aqui e não em outro lugar qualquer”.
O Google Ideas vai apresentar o uProxy numa conferência de Nova York intitulada “Conflito em um mundo conectado”. O evento também será a estréia do Projeto Shield, uma medida que ajudará os grupos de direitos humanos, as principais organizações de mídia, entre outros, a afastar os ataques de navegação (DDoS), que incapacitam um site por sobrecarregá-lo com tráfego”.
“Nós acreditamos nos direitos humanos, na livre expressão”, disse Cohen. “Acreditamos na mídia independente”.