Atualmente vivem no parque 49 peixes-boi, vítimas da caça na região. Segundo Diogo Souza, biólogo e pesquisador do Ampa, “a realização deste estudo piloto é de extrema importância, pois não conseguimos observar os animais se alimentando na natureza e, com isso, podemos identificar se os animais estão realmente se alimentando de plantas consumidas pelos peixes-bois de vida livre, que nunca saíram de seu habitat natural”, esclareceu.
O método utilizado pelos pesquisadores é o “acoustic data logger”, no qual é feito o registro dos dados sonoros, através de um hidrofone. Caso os pesquisadores obtenham sucesso, o aparelho será acoplado ao cinto transmissor dos peixes-bois escolhidos para retornar à natureza, por meio do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia Criados em Cativeiro, realizado pela Ampa e Inpa desde 2008.
“Estamos analisando os diferentes tipos de plantas consumidas pelos peixes-boi e os diferentes sons da mastigação. Num último trabalho de reintrodução realizado pelo LMA, constatou-se que um dos peixes-boi teve dificuldade de procurar alimento e morreu. Este dispositivo possui uma bateria para durar nove dias. Terminado este período, o dispositivo se soltará do cinto transmissor, utilizado para monitorar os animais, e poderá ser encontrado através da radiotelemetria (mesma tecnologia já usada pelos pesquisadores da Ampa e do Inpa no monitoramento). Em laboratório, poderemos analisar se nos primeiros dias, após a reintrodução, o animal estará se alimentando com frequência”, afirmou Tomonari Akamatsu, da Divisão Nacional de Ciência e Tecnologia de Tóquio.
Este sistema, inédito, nunca testado antes com outros animais. A tecnologia possibilitará analisar se o peixe-boi reintroduzido à natureza está conseguindo socializar com os que já habitam a área. Ainda de acordo com Akamatsu, “caso haja a vocalização de um ou mais peixes-bois, além do reintroduzido, fica clara a inserção deste ao meio natural”, comentou.
Fonte: EPTV