Ao longo dos anos os ambientalistas pensaram em diferentes jeitos de chamar a atenção da população para a extinção de espécies animais e vegetais. Criaram cartazes, filmes, documentários, outdoors e campanhas na internet, e até se amarraram em prédios públicos para protestar. Agora, uma companhia britânica levou a ideia além, e tatuou em 100 voluntários as espécies que correm o risco de sumir no Reino Unido.
O projeto foi idealizado pela Ultimate Holding Company, uma mistura de estúdio de design e coletivo artístico. Batizado de extInked (um trocadilho com a palavra “extinto” e a palavra “tinta”, em inglês “ink”), o projeto começou em uma data simbólica: novembro de 2009, o bicentenário de Darwin. A iniciativa vai além de tinta e pele. “Queríamos fazer um experimento artístico e sociológico”, diz Kate Houlton, coordenadora do extInked. “O objetivo era provar que a nossa geração quer salvar o planeta, e está disposta a tomar medidas extremas para provar sua paixão”.
Inicialmente, foi feita a listagem de cem espécies em risco no Reino Unido: pássaros, peixes, anfíbios, mamíferos, plantas e fungos. Então o artista Jai Redman criou um desenho correspondente a cada espécie, seguindo um estilo compatível com os registros de Darwin (confira nas fotos abaixo). As ilustrações foram expostas na cidade de Manchester e as pessoas interessadas em adquirir uma tatuagem deveriam preencher um formulário. Nele, deveriam especificar qual animal gostariam de tatuar, e por qual motivo. “Ficamos chocados quando apenas na primeira noite trezentas pessoas se inscreveram”, afirma Kate. “Algumas espécies foram mais populares, como as abelhas. Outras receberam menos inscrições, mas nenhuma ficou sem voluntário”.
Na hora de fazer a triagem dos inscritos a equipe da Ultimate Holding Company teve outra surpresa. Os mais de 500 voluntários, apelidados de embaixadores, tinham personalidades, estilos de vida e intenções totalmente diferentes. “Recebemos inscrições de amantes das artes, ambientalistas, cientistas, professores e pessoas interessadas em tatuagens. As idades variavam de 18 anos até os 60”, diz Kate. Uma das candidatas mais velhas queria tatuar uma tartaruga, e seu plano era passar a ideia adiante para os seus filhos e seus netos. Outros gostariam de tatuar animais com os quais se identificavam, e ainda havia quem simplesmente achou alguma espécie bonita.
As tatuagens foram feitas durante um final de semana mas o projeto não acabou ali. A atuação de cada voluntário começava após a dor das agulhas. Alguns deles trabalharam com organizações de preservação do meio ambiente, outros visitaram o habitat natural dos animais que tatuaram e os conheceram ao vivo. Agora, a Ultimate Holding Company fará uma turnê pelo Reino Unido com apresentações sobre os resultados sociológicos do projeto, as mudanças na vida dos embaixadores e como eles e suas novas tatuagens impactaram outras pessoas.
“Por enquanto trabalharemos com os voluntários do Reino Unido, mas gostaríamos de expandir para outros países”, diz Kate. “Nossa missão é criar uma rede mundial de embaixadores”. Quem sabe assim algum dia será possível tatuar uma espécie brasileira em risco de extinção, e colaborar com o projeto.
Fonte: Epoca